No Porto, a Michelin distinguiu uma chef portuguesa com uma honra rara. Oito novos restaurantes em Portugal receberam a primeira estrela.
A terça-feira foi uma noite de celebração para os espaços gastronómicos que entraram no prestigiado guia — foram oito os distinguidos, um número positivo, embora insuficiente para compensar a frustração de, pelo segundo ano consecutivo, não haver um restaurante a alcançar a cobiçada terceira estrela. Os oito estabelecimentos que já tinham duas estrelas conseguiram mantê-las.
Contudo, houve uma perda: o restaurante 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic, ficou sem a sua estrela. Com esta atualização, Portugal passa a contar com 38 restaurantes com uma estrela Michelin. Mas a cerimónia, que decorreu na Alfândega do Porto, trouxe também um momento marcante: pela primeira vez numa Gala Michelin dedicada exclusivamente a Portugal, uma mulher subiu ao palco para receber a distinção de chef executiva. “Que nervos!”, exclamou Marlene Vieira, antes de, emocionada, afirmar: “O sonho comanda a vida, e este é um sonho tornado realidade.”
À frente do restaurante Marlene, a chef fez questão de agradecer ao marido, João Sá, a sua “maior inspiração” — “somos um casal cheio de estrelas”, brincou, referindo-se ao facto de João Sá também possuir uma estrela pelo restaurante Sála. Entre aplausos, Marlene Vieira deixou ainda uma mensagem às cozinheiras que são mães, incentivando-as a nunca desistirem.
Esta conquista tem um peso especial: em quase cem anos de presença do Guia Michelin em Portugal, apenas outra mulher tinha conseguido esta distinção. Maria Alice Marto, do emblemático Tia Alice, em Fátima, obteve uma estrela em 1993, mantendo-a durante três anos. Já Ilda Vinagre, do restaurante A Bolota, na Terrugem, viu o seu trabalho reconhecido com uma estrela em 1992, mas abandonou o espaço antes da distinção ser oficialmente atribuída.
A diferença é que Marlene Vieira alcança este feito numa era em que a visibilidade mediática é incomparável com a dos anos 90. Embora não seja um caso inédito, é uma vitória significativa e rara para uma chef executiva em Portugal.
Rádio Alfa