Moçambique: Candidato Venâncio Mondlane chega a Maputo sob fortes medidas de segurança

Presidential candidate Venancio Mondlane (C) arrived in Maputo today after two and a half months of leading the protest against the results of the general elections from outside. In the area around the airport, Mondlane's supporters are gathering and trying to break through the accesses, which are blocked and heavily guarded by the police and military, 09 January 2025. LUISA NHANTUMBO / LUSA

Moçambique/Eleições: Candidato Venâncio Mondlane chega a Maputo sob fortes medidas de segurança (Maputo/Lusa)

O candidato presidencial Venâncio Mondlane chegou hoje cerca das 08:20 locais a Maputo depois de dois meses e meio a liderar a contestação aos resultados das eleições gerais a partir do exterior e sob fortes medidas de segurança na zona do aeroporto.

Desde há mais de duas horas têm-se intensificado os tiros, de gás lacrimogéneo e de metralhadora, nas imediações do aeroporto, onde os apoiantes de Mondlane estão concentrados e a tentar furar os acessos, que estão bloqueados e fortemente vigiados pela polícia e por militares.

Fonte próxima do candidato disse à Lusa que Mondlane pretende sair do aeroporto e dirigir-se ao centro da cidade para « falar com o povo ».

Mondlane anunciou que o seu regresso ao país marca o início da nova fase de contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que denominou de « Ponta de lança ».

« Se me quiserem assassinar, assassinem. Se quiserem prender-me, prendam. Sei que na minha queda a fúria popular que se vai verificar em Moçambique não tem comparação na história de África e de Moçambique », disse.

Confrontos entre a polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas baleadas desde 21 de outubro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.

O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que sucede a Filipe Nyusi.

Em 23 de dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.

O anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.

O Tribunal Supremo já afirmou, anteriormente, que não há qualquer mandado de captura emitido para Mondlane nos tribunais.

Mas o Ministério Público abriu processos contra o candidato presidencial, enquanto autor moral de manifestações que, só na província de Maputo terão causado prejuízos, devido à destruição de infraestruturas públicas, no valor de mais de dois milhões de euros.

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