Alfa
Morreu hoje, sexta-feira, aos 81 anos, Jorge Fernando Branco Sampaio.
O antigo Presidente da República entre 1996 e 2006 estava internado nos cuidados intensivos do Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, por insuficiência respiratória desde 27 de Agosto.
Socialista e homem calmo e moderado, nasceu em Lisboa, a 18 de setembro de 1939. Estudou em Lisboa onde se formou em direito em 1961.
Foi figura de relevo nos protestos estudantis de 1962, em Lisboa. Foi presidente da Associação de Estudantes e dedicou-se, depois, à defesa de presos políticos.
Foi fundador do Movimento de Ação Revolucionária (MAR) e do Movimento da Esquerda Socialista (MES).
Aproximou-se a seguir dos socialistas. Na política, exerceu diversos cargos. Foi secretário de Estado da Cooperação Externa, com Ernesto Melo Antunes como ministro dos Negócios Estrangeiros e Vasco Gonçalves a liderar o Governo. Em 1978, na companhia de nomes como João Cravinho, José Vera Jardim, José Manuel Galvão Teles e Nuno Portas, aderiu ao Partido Socialista.
Foi eleito deputado em 1979. Em 1989 foi eleito presidente da câmara de Lisboa com uma, até então inédita, coligação entre PS e PCP e depois de derrotar Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesse ano, ainda assumiria a liderança do Partido Socialista, antes de a passar a António Guterres.
Chegou à Presidência da República em 1996, derrotando Cavaco Silva, e conseguindo um segundo mandato a partir de 2001, tendo dessa vez enfrentado Joaquim Ferreira do Amaral.
Depois da saída da presidência, trabalhou com a ONU e dedicou-se ao combate à tuberculose e, mais recentemente, à presidência da Plataforma Global para os Estudantes Sírios. Era um humanista.
No fim do século passado empenhou-se muito no processo que levaria à independência de Timor-Leste, como comprovou o autor destas linhas (Daniel Ribeiro), que na altura estava na antiga colónia portuguesa integrado na missão oficial portuguesa de observação do referendo que levaria à independência deste país, que passou desde então a ser o mais jovem Estado lusófono.
Foi um homem bom e um indiscutível valor acrescentado para a democracia portuguesa. (Eu) mantinha com ele uma respeitosa amizade e tinha uma grande admiração por ele.