Morreu o criador Pierre Cardin aos 98 anos

Nasceu italiano mas naturalizou-se francês, o criador de moda que criou a marca com o seu nome no início da década de 1950 morreu aos 98 anos.

 

É um dos últimos vultos da alta-costura europeia, mas é o precursor do pronto-a-vestir. Pierre Cardin nasceu em Itália, numa família pobre de agricultores que emigraram para França, onde o jovem cresceu e deixou a sua marca no mundo da moda.

Morreu aos 98 anos, nesta terça-feira, no hospital americano de Neuilly-sur-Seine, noticia o Le Figaro.

Pietro Costante Cardini, assim era o seu nome de baptismo, nasceu em 1922, em San Biagio di Callalta, Itália. Começou por estudar arquitectura, contudo, é no mundo da moda que dá largas à sua imaginação.

Na adolescência, aos 14 anos, deu os primeiros passos numa alfaiataria, em Saint-Étienne, mas é em Paris que trabalha, em 1944, com Madame Paquin — onde desenhou os figurinos e máscaras do filme A Bela e a Fera (1946), de Jean Cocteau —​, passa pelo atelier da italiana Elsa Schiaparelli e torna-se chefe do atelier dos alfaiates de Christian Dior, em 1947 .

Três anos depois, após ter sido recusado pela casa Balenciaga, cria a marca com o seu nome, Pierre Cardin, revolucionando o mundo da moda com a sua criatividade e espírito empreendedor.

Pierre Cardin revolucionou a alta-costura com as suas silhuetas circulares, formas esculturais e novos tecidos ou peles falsas — na época estas tornam-se motivo de escândalo. É também dos primeiros a pensar no conceito de roupa igual para homens e mulheres, assim como na ideia de pronto-a-vestir.

No pós-guerra, com André Courrèges (1923-2016) e Paco Rabanne (1934) são apelidados de “tríplice aliança” da moda francesa futurista. “Sempre tive a minha cabeça no futuro, sempre criei para os jovens”, declarou o homem que usou tecidos como o vinil e fez desenhos geométricos e futuristas, inspirados na conquista do espaço.

O seu trabalho é marcado pelas cores e pelos padrões pop. “A minha abordagem é como a de um escultor: primeiro crio formas e tento encaixar o corpo nelas”, revelou, citado pelo Le Monde.

Pierre Cardin anteviu a morte da alta-costura e, por isso, desenhava a pensar em todo o tipo de cliente.

É um dos precursores da moda unissexo e orgulhava-se do seu percurso feito a pulso, do filho de migrantes pobres para um mundo de luxo e esplendor.

Foi também um precursor — muito antes de marcas como a Gucci ou Calvin Klein —a criação de mais do que roupa. O seu carimbo chega a linhas de mobiliário, acessórios, roupa de cama e de mesa.

 

Com Jornal Público, Le Figaro e Le Monde.

 

 

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