Nacionalismo marca centenário do fim da Grande Guerra. PR Marcelo: « Portugal cria pontes para a paz »

Trump e Putin fora do cortejo oficial em Paris. As  comemorações do centenário do armistício, na capital francesa, realçaram o regresso do nacionalismo e a crise das instituições multilaterais. 70 chefes de Estado e de Governo chegaram juntos, em autocarro, ao Arco do Triunfo. Mas os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin optaram por desfilar em separado. O Presidente Marcelo foi num autocarro oficial mas é contra o Exército europeu proposto por Emmanuel Macron.

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro

Antes das festividades do fim da Grande Guerra, na manhã deste domingo, em Paris, o Presidente norte-americano, Donald Trump, já tinha sido mais do que claro. Logo à chegada a Paris, depois do seu avião ter aterrado, achara “muito insultante” a ideia do seu homólogo francês, expressa dias antes, de ver nascer “um exército europeu” capaz de defender a Europa contra “os Estados Unidos, a China e a Rússia”.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, explicou a seguir que nunca pretendeu designar os Estados Unidos como inimigo, mas que apenas desejou sublinhar que a Europa deveria reforçar-se para responder a novas ameaças, « entre elas o unilateralismo » que Donald Trump defende.

Os dois homens falaram longamente a sós sobre o assunto, apertaram as mãos cordialmente em frente às televisões, mas ninguém acreditou que tenham chegado a algum consenso importante.

Aliás, Donald Trump manteve o seu programa “unilateral” durante a sua visita a Paris.

Alegadamente por razões de segurança, enquanto todos os outros chefes de Estado e de Governo se deslocaram do Palácio do Eliseu para as cerimónias no Arco do Triunfo em autocarros oficiais, ele optou por viajar no seu carro blindado e com segurança visível norte-americana, autónoma. Este desfile pessoal do presidente americano não impediu incidentes: vaias do pouco público que estava nos Campos Elísios (limitado por razões de segurança) e até a irrupção de uma militante feminista de seios nus (do movimento « Femen »), que saltou as barreiras da polícia francesa e chegou a insultá-lo junto ao carro onde seguia.

Também o seu homólogo russo, Vladimir Putin, fez a viagem até ao Arco de Triunfo em separado e foi o último a chegar ao recinto das cerimónias protocolares.

Tanto Putin como Trump decidiram também não participar no Fórum de Paris sobre a Paz, previsto para esta tarde e no qual discursará o Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

Quanto ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, participa em todas as iniciativas organizadas pela Presidência francesa, incluindo a “a mais multilateral de todas” – o Fórum da paz.

No entanto, Marcelo é contra a ideia da criação de um exército europeu. “Ficou claro, no debate parlamentar em Portugal que não se trata de um exército europeu, trata-se sim de um reforço, de um empenho, que é complementar ao que é feito pela Aliança Atlântica”, disse o Presidente português neste sábado, no Consulado-Geral de Portugal, em Paris.

Quanto à não comparência de Donald Trump no Fórum da Paz – bem como de outras personalidades, como Benjamin Netanyahu ou Putin – Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: “Portugal não depende da presença alheia para fazer aquilo que tem de fazer, Portugal é uma plataforma entre culturas, criadora de pontes para a paz”.

As cerimónias dos cem anos do Armistício continuam a decorrer neste domingo em Paris, cidade que está sob medidas de segurança extremas devido, designadamente, a ameaças terroristas e também a uma manifestação, marcada para esta tarde, contra a presença de Donald Trump na capital francesa.

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