« Não há sensatez nem bom senso no fim da quarenta para emigrantes » – autarca de Chaves

« Não há sensatez nem bom senso no fim da quarenta para emigrantes », avisa autarca de Chaves. Nuno Vaz afirma que a decisão da DGS de suspender o isolamento profiláctico de 14 dias para quem vem do estrangeiro, contrariando a quarentena imposta pelas autoridades regionais de saúde do Nordeste Transmontano e Algarve, é perigosa e potencialmente explosiva em termos de novas cadeias de contágio.

 

Alfa/Expresso. Por Isabel Paulo

O presidente da Câmara de Chaves está indignado com a decisão da diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, de suspender a ordem de quarentena de 14 dias, decidida na passada semana pelas autoridades regionais de saúde do Nordeste Transmontano e do Algarve, para travar a vaga de emigrantes que está a chegar a Portugal e a refugiar-se em aldeias rurais e zonas de veraneio de praia.

A deliberação da DGS, na sequência da recomendação da provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, é criticada duramente por Nuno Vaz, que, embora não discuta “se a quarentena obrigatória para emigrantes” é constitucional ou não, adverte que, entre o “direito à saúde e à vida e o de circulação”, ninguém duvida que “deve prevalecer o primeiro”. Para o autarca, são dois deveres fundamentáveis em tempos normais, mas lembra que o país e o mundo atravessam uma situação de excecionalidade.

“É uma decisão incompreensível, perigosa e potencialmente explosiva em relação ao risco de novas cadeias de contágio de Covid-19, numa altura em que não há vacina nem tratamentos seguros”, avisa Nuno Vaz, que acrescenta estar-se perante uma deliberação que carece “de bom senso e sensatez”. Para o autarca, a única justificação para a DGS ter contrariado o confinamento obrigatório de 14 dias das autoridades locais “é o completo desconhecimento” da realidade so Alto Tâmega.

O concelho de Chaves tem 40 mil habitantes, uma população envelhecida – “um jovem por três idosos” – e dispersa “por 135 lugares, aldeias localizadas numa área de 600 quilómetros quadrados”, lembra Nuno Vaz, sublinhando que, se até agora foi difícil “o isolamento social a quem chega de fora, será impossível agora que os emigrantes obedecem voluntariamente à recomendação para ficarem em casa, em vez de andarem a visitar todos os familiares”.

Numa região de muitos emigrantes, Nuno Vaz afirma que é tradição na Páscoa a visita de férias à família de quem trabalha além-fronteiras, temendo que nas próximas semanas se assista à importação de novos casos de contágio. “Confesso ter receio que o surto se descontrole”, diz, alertando que Chaves tem 18 lares de idosos.

“Embora as visitas estejam suspensas, temos funcionários que também têm familiares a chegar à terra. Como se controla isto agora?”, questiona sublinhando a incapacidade dos municípios para deslocar os idosos, em caso de infeção, das instituições de terceira idade. “Estamos a facilitar. O Governo e a DGS já deviam ter percebido que a única solução para travar a expansão do surto é o confinamento e não aligeirar medidas de risco”, conclui Nuno Vaz.

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