Óbito/Papa: Francisco foi um « Papa no meio do povo » – Cardeal Re

Francisco foi um "Papa no meio do povo" - Cardeal Re.

O cardeal Giovanni Battista Re afirmou hoje que Francisco “foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos”, atento ao que “de novo estava a surgir na sociedade”.

Na homilia da missa do funeral do Papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o decano do colégio cardinalício sublinhou “a manifestação popular de afeto e adesão, (…) nos últimos dias”, após a sua morte, mostram “quanto o intenso pontificado do Papa Francisco tocou mentes e corações”.

“Com o vocabulário que lhe era característico e com a sua linguagem rica de imagens e metáforas, procurou sempre iluminar os problemas do nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta à luz da fé e encorajando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições destes anos cheios de mudanças, que ele gostava de descrever como uma ‘mudança de época’”, disse o cardeal Re, perante uma Praça de São Pedro cheia de fiéis anónimos e membros de mais de centena e meia de delegações oficiais.

Para o cardeal Giovanni Battista Re, a decisão do pontífice argentino de adotar o nome Francisco “manifestou-se logo como a escolha do programa e do estilo em que queria basear o seu pontificado, procurando inspirar-se no espírito de São Francisco de Assis”.

“Conservou o seu temperamento e a sua forma de orientação pastoral, imprimindo de imediato a marca da sua forte personalidade no governo da Igreja, estabelecendo um contacto direto com cada pessoa e com as populações, desejoso de ser próximo a todos, com uma atenção especial às pessoas em dificuldade, gastando-se sem medida, em particular pelos últimos da terra, os marginalizados”, acrescentou na sua homilia.

Francisco, “dotado de grande calor humano e profundamente sensível aos dramas de hoje, (…) partilhou em pleno as angústias, os sofrimentos e as esperanças do nosso tempo da globalização”, acrescentou o cardeal italiano.

Para Giovanni Battista Re, o “fio condutor” da missão de Francisco “foi também a convicção de que a Igreja é uma casa para todos, uma casa com as portas sempre abertas”.

“Várias vezes utilizou a imagem da Igreja como um “hospital de campanha” depois de uma batalha em que houve muitos feridos, uma Igreja desejosa de cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes angústias que dilaceram o mundo contemporâneo, uma Igreja capaz de se inclinar sobre cada homem, independentemente da sua fé ou condição, curando as suas feridas”, afirmou o presidente da missa do funeral do Papa Francisco.

 

Milhares em Roma participam na missa exequial de Francisco.

Milhares de fiéis anónimos e mais de uma centena meia de delegações oficiais estrangeiras assistem, na Praça de São Pedro, no Vaticano, às exéquias do Papa Francisco, presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

As cerimónias iniciaram-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o corpo do pontífice argentino frente ao altar do recinto, quanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”.

A missa exequial conta com cerca de 980 concelebrantes – cardeais, bispos e sacerdotes.

Durante a cerimónia litúrgica, a Oração dos Fiéis terá uma das preces em língua portuguesa, segundo o guião disponibilizado pelo Vaticano.

“Pelos povos de todas as nações: que, praticando incansavelmente a justiça possam estar sempre unidos no amor fraterno e busquem incessantemente o caminho da paz”, é a oração proferida em português.

O Papa Francisco morreu na segunda-feira, aos 88 anos, depois de 12 de pontificado.

 

Ação em favor dos migrantes e em prol da paz lembrados na missa exequial.

A ação do Papa Francisco em favor do migrantes e refugiados, bem como os seus esforços em prol da paz, foram hoje destacados na homilia da missa do seu funeral, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

“São inúmeros os seus gestos e exortações a favor dos refugiados e deslocados. Constante foi também a sua insistência em agir a favor dos pobres”, disse o cardeal Giovanni Battista Re na leitura da homilia.

Segundo o cardeal italiano, “é significativo que a primeira viagem do Papa Francisco tenha sido a Lampedusa, ilha símbolo do drama da imigração, com milhares de pessoas afogadas no mar”.

“Na mesma linha se inscreve a viagem a Lesbos, com o Patriarca Ecuménico e o Arcebispo de Atenas, e a celebração de uma missa junto da fronteira mexicana com os Estados Unidos, por ocasião da sua viagem ao México”, disse o cardeal decano do colégio cardinalício perante uma assembleia onde pontificava o Presidente norte-americano Donald Trump,

O cardeal Re fez ainda questão de evocar as “47 cansativas” viagens apostólicas do Papa Francisco, dando relevo à que “fez ao Iraque em 2021, desafiando todos os riscos”.

“Essa difícil Visita Apostólica foi um bálsamo para as feridas do povo iraquiano, que tanto tinha sofrido com a ação desumana do Estado Islâmico. Foi uma viagem importante também para o diálogo inter-religioso, outra dimensão relevante do seu trabalho pastoral”, afirmou.

Também as visitas a quatro nações da Ásia-Oceania, em 2024, a levarem o Papa “à periferia mais periférica do mundo”, mereceram referência na homilia, onde foi sublinhada sua luta contra a “cultura do descarte”.

As suas encíclicas, como a Fratelli Tutti, com a qual “pretendeu reanimar a aspiração mundial à fraternidade”, ou a Laudato SI, chamando a atenção “para os deveres e a corresponsabilidade em relação à ‘casa comum’”, ou a sua defesa de que “ninguém se salva sozinho”, foram também referidas na homilia do cardeal italiano.

Giovanni Battista Re não deixaria, também, de sublinhar o papel do Papa nos apelos à paz.

“Perante o eclodir de tantas guerras nos últimos anos, com horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o Papa Francisco levantou incessantemente a sua voz implorando a paz e convidando à sensatez, a uma negociação honesta para encontrar soluções possíveis, porque a guerra – dizia ele – é apenas morte de pessoas e destruição de casas, hospitais e escolas”, disse o presidente da cerimónia.

A finalizar a homilia, Re lembrou que “construir pontes e não muros” foi uma expressão muito repetida por Francisco.

Logo após a missa exequial que está a decorrer na Praça de São Pedro, no Vaticano, o corpo de Francisco será transportado para a Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, onde ficará sepultado.

 

Com Agência Lusa.

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