(Reação à crónica « Deixem os emigrantes em paz », do investigador científico
Obrigado, em nome de todos os emigrantes – Por seres esta voz, mais uma, contra a ignorância, o maldizer, mas, sobretudo, contra a inveja de quem, não tendo partido, não pôde igualmente alcançar tanto quanto nos espera.
E obrigado por seres esta voz, mais uma, contra a ignorância, o maldizer, mas, sobretudo, contra a inveja de quem, não tendo partido, não pôde igualmente alcançar tanto quanto nos espera, lá fora, algures, onde ninguém nos conhece e as gentes são estranhas, como a língua é estranha, e contra tudo e contra todos vencemos. Inevitavelmente, ou não tivesse o emigrante de trabalhar por três ou quatro para assim justificar a sua presença numa terra que não é sua, nunca foi, nunca será.
E, Carlos, se queres mesmo saber, não tenho nem pronúncia ou estrangeirismos, lá em casa somos dois portugueses, eu e a Ana, depois da porta estamos em Portugal e ninguém fala em inglês e lemos, lemos e lemos mais um bocadinho.
De igual modo não tenho um carro topo de gama. O carro ainda é o mesmo, um Clio de 99, e está em Portugal, e se nunca atravessámos Vilar Formoso (viajamos de avião), queremos lá ir e visitar o museu do Holocausto, dedicado a todos os refugiados.
Já cá estamos há 11 anos e, porque sabemos o que nos custou, partilhámos o saber apreendido num blog com mais de 150 mil visitas. De caminho perdemos a conta ao número de pessoas a quem ajudámos directamente a construir uma vida por terras de sua majestade, sempre a troco de nada, e às vezes alguns insultos.
Entretanto já inseri os meus dados no projecto de investigação Famílias pelo Mundo, o qual decorre até 2020. Talvez seja este o melhor modo de agradecer, juntamente com este texto.