Alfa – Opinião, Daniel Ribeiro
As duas situações políticas, em França e Portugal, são diferentes mas não tanto como parecem.
Em ambos os países, os Presidentes e os chefes do Governo parecem « desconectados » da realidade e, cada um, tenta resolver as suas crises à sua maneira e de acordo com as circunstãncias.
Em França, o Presidente Emmanuel Macron, sem maioria no Parlamento e com o seu Governo de gestão, espera pelo fim dos Jogos Olímpicos que, até agora estão a ser um grande sucesso para a França e sobretudo para a imagem da sua bela capital, Paris.
Macron ainda não resolveu o problema de, depois da derrota nas eleições europeias de 9 de junho, ter feito cair, de forma precipitada e surpreendente, o seu país numa crise política.
Quanto a Portugal, também não há maioria no Parlamento e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem inegável responsabilidade política nesse facto por também ter provocado eleições antecipadas.
Tanto em Portugal como em França, bem como noutros países, os presidentes devem ser sensatos e estudar bem a situação antes de dissolverem parlamentos. Porque podem falhar, como nestes dois casos falharam.
Agora, em França, Macron, vai ter que resolver o seu muito complicado problema político, talvez no fim dos JO Paris2024 que, repito, estão até agora a ser um êxito inegável.
Quanto a Portugal, ninguém na elite política deseja, para já, novas eleições antecipadas mas há muita coisa a falhar. Nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, que está em crise aguda evidente, prejudicando gravemente a vida dos cidadãos (basta seguir as notícias diárias).
Devido a esta crise no sistema de saúde, o PR Marcelo decidiu interromper as suas férias no Algarve e regressar a Lisboa para acompanhar o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a visitar serviços hospitalares.
Alguém já disse que, em Portugal, ambos estão neste momento a tentar cobrir a crise na saúde com pó de arroz.
Se calhar, em França, Macron também vai tentar fazer o mesmo com a ajuda do pó de arroz dos JO.