« Os jovens de São Tomé e Príncipe não são valorizados, a realidade é essa » – Calema

Segundo um estudo efectuado pelo Conselho Nacional da Juventude são-tomense, quase 80% dos jovens do país pretendem emigrar em busca de melhores condições de vida e oportunidades de trabalho. Em entrevista à Radio Alfa, os Calema, estrelas são-tomenses, comentaram esse inquérito e destacaram que « os jovens de São Tomé e Príncipe não são valorizados ».

« Não me surpreende esse estudo » declarou Fradique Mendes Ferreira. Segundo os Calema, « é uma questão do país, dos governantes e dos que estão a frente do poder deixarem as mágoas e divergências de lado para olhar para os problemas » de São Tomé e Príncipe.

« Temos de saber até onde podemos reclamar os nossos direitos »

Os dois irmãos, de respectivamente 31 e 36 anos, afirmam que « a política faz parte de nós » e nesse sentido acompanham assiduamente a situação do país insular localizado no Golfo da Guiné, na costa equatorial ocidental da África Central. Uma parte importante dos jovens são-tomenses já não deposita esperança na actuação dos políticos e tanto António Mendes Ferreira como Fradique Mendes Ferreira admitem que tiveram « que saír para fora para a música [deles] crescer e tocar mais pessoas ».

« Nós todos temos que ter opinião em relação à gestão do país e contribuir para que essa gestão seja feita da melhor forma »

Num país em que os jovens representam uma parte significativa da população cuja média de idade ascende aos 19 anos aproximadamente, os Calema apelam os jovens a serem « mais proativos, para que os políticos entendam que não estão alí para servir eles proprios mas servir a população ».

O estudo realizado pela maior plataforma da juventude são-tomense ao qual reagem os Calema concluiu também que a não participação juvenil nas votações eleitorais tem como principais causas a corrupção política e ausência do cartão de eleitor.

Fradique Mendes Ferreira insiste no facto que São Tomé e Príncipe « está a travar os jovens » : « nós tivemos lá, vivemos lá, nós sabemos o que é estar nessas condições ». Os Calema lamentam que não haja « hospitais em condição, não [haja] alimentação acessível a todos, o preço das coisas… é complicado para um jovem ».

Contudo, concluiu-se que os jovens classificam a política em São Tomé e Príncipe como péssima e que eles não têm esperança quanto ao desenvolvimento do país.

Uma entrevista realizada no dia 27 de março de 2023 e conduzida por Didier Caramalho:

 

Didier Caramalho, jornalista
Article précédentHervé Renard assume seleção feminina de França
Article suivantPassagem de Nível de 02/03. Em direto da Feira portuguesa de Nanterre. Entrevistas e reportagem