Pandemia continua perigosa. “Turistas e emigrantes introduzem novas variantes em Portugal”. A Páscoa deverá continuar com limitações sérias à circulação, celebrações religiosas e reuniões de família.
Daniel Ribeiro, Alfa/Lisboa
Especialista João Paulo Gomes, do reputado Instituto Ricardo Jorge de Lisboa, alerta para que, com diversos países a desconfinar mesmo que ligeiramente (e também Portugal), as variantes já conhecidas do novo coronavírus estão a circular mais e novas variantes vão surgir e propagar-se novamente com mais incidência do que até agora.
O que « é preocupante », alertou hoje numa reunião do Infarmed, em Lisboa, que se destinava a preparar um provável desconfinamento parcial em Portugal.
O especialista, que foi ouvido designadamente pelo Presidente da República, Primeiro-ministro, diversos ministros e outros investigadores exige uma atenção redobrada em todo o processo de desconfinamento, referindo-se designadamente ao controlo das fronteiras e aeroportos tanto para estrangeiros como para emigrantes portugueses que entrem no país.
“Não tenho dúvidas de (as novas variantes) potenciaram o crescimento de casos nas últimas semanas. Em dezembro houve a ocorrência de um elevado número de introduções desta variante oriunda do Reino Unido, tanto através de turistas como de emigrantes portugueses. Tivemos acesso a muitas amostras no aeroporto e percebemos que muitos vieram infetados. Mas só conseguimos monitorizar isso a partir do momento em que os testes começaram a ser dirigidos às pessoas que vinham do Reino Unido, porque no início de dezembro não precisavam de ser testadas. Suspeitamos que durante as primeiras três semanas ocorreram muitas introduções sem serem detetadas e cada uma originou uma cadeia de transmissão”, declarou.
Segundo João Paulo Gomes, 65% dos casos de covid-19 em Portugal têm neste momento origem na variante britânica que é, segundo ele, muito mais transmissível que todas as outras », reforça especialista do Instituto Ricardo Jorge. “Cresceu cerca de 20% na última semana”, informou.
O especialista alertou para uma atenção redobrada em todo o processo de desconfinamento, referindo-se ao controlo das fronteiras e aeroportos e citou designadamente os viajantes vindos de França, da Grã-Bretanha, de Espanha e de Itália.
Segundo o que se prevê, depois da reunião de hoje, em Lisboa, Portugal poderá começar a desconfinar a 15 de março, mas muito parcialmente, apenas nas creches, escolas primárias e de primeiro ciclo.
A Páscoa deverá continuar com limitações sérias à circulação, celebrações religiosas e reuniões de família.