Foi através de um comunicado de imprensa enviado ontem à Rádio Alfa pelo vereador lusodescendente, Hermano Sanches Ruivo, que a decisão foi anunciada.
Eis o comunicado, na íntegra (em francês) e, fim, o despacho da Lusa sobre o mesmo assunto:
« Le Conseil de Paris vote la dénomination d’une promenade Aristides de Sousa Mendes ».
« Ce vendredi 19 novembre, le Conseil de Paris a voté la dénomination d’une promenade en mémoire d’Aristides de Sousa Mendes, diplomate portugais, Juste parmi les Nations, en attribuant son nom à une partie du terre-plein central du boulevard des Batignolles (17e).
Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches naît le 19 juillet 1885 à Cabanas de Viriato au Portugal et décèdera le 3 avril 1954, à l’hôpital des pères franciscains de Lisbonne, au Portugal.
Après des études de droit à l’université de Coimbra, il embrasse une carrière diplomatique. Il est nommé consul dans différents pays successifs, notamment en Guyane britannique (actuel Guyana), au Zanzibar, au Brésil et aux États-Unis. En 1938, il est nommé consul général du Portugal à Bordeaux.
En juin 1940, défiant les ordres du dictateur Salazar, il délivre par milliers des visas pour le Portugal à des personnes menacées fuyant la France, dont des personnes de confession juive, les sauvant ainsi de la déportation. Informé, le gouvernement Salazar prend des mesures disciplinaires contre lui. Le consul n’obtiendra jamais la révision de son procès.
En 1966, le Mémorial de Yad Vashem en Israël l’honore du titre de « Juste parmi les nations ».
En 1988, il est réhabilité à titre posthume par l’Assemblée de la République portugaise et réintégré dans la diplomatie avec le titre d’ambassadeur.
Le 23 mars 1995, Mário Soares lui décerne la Grand-Croix de l’Ordre du Christ, puis, le 22 septembre 2016, la Grand-Croix de l’Ordre de la Liberté.
En 2021, Aristides de Sousa Mendes entre au Panthéon national portugais. »
Despacho da Lusa sobre o mesmo assunto:
Aristides de Sousa Mendes vai ter passeio com o seu nome em Paris
O cônsul português Aristides de Sousa Mendes vai ter o seu nome num passeio no 17.º bairro de Paris, junto ao atual Consulado-Geral de Portugal na capital francesa, homenageando assim o diplomata português que salvou milhares de parisienses.
« Alguém tão importante para Paris como o General Leclerc saiu de França para ir ao encontro do General De Gaulle com um visto do cônsul Sousa Mendes. Milhares de pessoas, muitos parisienses, e as suas famílias devem a vida ao cônsul. Nós estamos a seguir outras cidades que já lhe prestaram homenagem », afirmou Hermano Sanches Ruivo, vereador da Câmara de Paris e proponente desta homenagem, em declarações à agência Lusa.
O Conselho de Paris aprovou na sexta-feira esta homenagem, ficando agora o espaço verde no centro da Boulevard Batignolles, entre as ruas Andrieux e a Praça Prosper Goubaux, designado como ‘promenade’ (passeio, em português) Aristides de Sousa Mendes. Esta homenagem será formalizada no decorrer da Temporada Cruzada Portugal-França que decorre entre fevereiro e outubro de 2022.
Esta é uma das várias iniciativas que Hermano Sanches Ruivo quer promover em Paris para homenagear a memória dos resistentes da II Guerra Mundial de origem portuguesa, uma tarefa complexa já que como o país não participou nesta guerra, é preciso fazer este reconhecimento individual.
« É a primeira etapa de um processo que lançámos e quero que avance sobre o reconhecimento de portugueses na II Guerra Mundial em França. Sabemos que várias centenas de portugueses ficaram registados na resistência. Todos estes resistentes são um conjunto de pessoas que participam na memória de França e na nossa história », declarou o autarca.
Hermano Sanches Ruivo está a trabalhar com o Museu da Libertação, situado no 14.º bairro de Paris, e investigadores portugueses para desenvolver estudos sobre esta matéria. Em Paris, o nome de Aristides de Sousa Mendes está inscrito no Muro dos Justos, junto do Memorial da Shoah, no 4.º bairro da capital francesa.
Em França, várias homenagens, impulsionadas pelo Comité Aristides de Sousa Mendes, têm vindo a multiplicar-se em cidades como Bordéus ou Hendaia, de forma a manter viva a memória do diplomata português.
Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes, então cônsul de Portugal em Bordéus, França, emitiu vistos que salvaram milhares de pessoas do Holocausto, desobedecendo às ordens do então presidente do conselho, António de Oliveira Salazar, que liderava o governo. Aristides de Sousa Mendes entrou em outubro para o Panteão Nacional, em Lisboa.