Paris em guerrilha urbana: um caos desde esta manhã
Guerrilha urbana. No 18º sábado consecutivo de manifestações do Colete Amarelos, a capital francesa é um caos. Confrontos, incêndios e manifestações um pouco por todo o lado.
Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro
Os confrontos começaram de manhã, quase logo a seguir ao pequeno almoço. Os primeiros manifestantes já estavam nos Campos Elísios antes das 8h, 7h em Lisboa. As primeiras escaramuças com a polícia aconteceram antes das 10h30 locais. Depois, foi sempre a subir, num inacreditável crescendo de violência.
Às 17h locais, já havia mais de 100 pessoas detidas e dezenas de feridos. O balanço ainda não é completo, nem oficial, até porque as manifestações e os confrontos continuam. Mas há muita confusão e destruição. O caos é de tal forma enorme que, por vezes, até parece que está realmente uma revolução, ou uma insurreição, em curso em França – só faltam as armas de fogo da parte dos manifestantes mais radicais.
Um prédio, onde estava um banco no rés-do-chão, foi incendiado perto do Palácio do Eliseu. Nessa zona dos Campos Elísios, foram vandalizados vários comércios de luxo, incluindo o célebre restaurante Fouquet’s, um dos mais reputados e mais chiques de Paris. Foi primeiro atacado e, depois, incendiado.
A capital francesa era um caos total a essa hora: barricadas e esplanadas ardiam na chamada “mais bela avenida do mundo”, quiosques tinham sido incendiados desde a manhã, e os manifestantes gritavam: “Revolução, revolução!”.
Este sábado é um dia decisivo, em França, para o poder e para os Coletes Amarelos. É um autêntico tira-teimas: o Grande Debate Nacional lançado pelo Presidente Emmanuel Macron para responder à crise dos Coletes Amarelos chegou ao fim. Os Coletes Amarelos mantêm a pressão sobre o jovem Chefe de Estado. Uma pressão muito forte e com milhares de pessoas nas ruas. E com muita violência.
Toda a cidade de Paris está em polvorosa porque decorrem protestos em toda a cidade e não apenas junto ao Arco do Triunfo e ruas adjacentes. Os desfiles dos “coletes” coincidem com outras manifestações sindicais e ecologistas: a capital francesa é uma cidade completamente ocupada por manifestações.
Para fazer frente às manifestações, o Governo mobilizou 80 mil elementos das forças de segurança em toda a França. Milhares de pessoas continuavam a manifestar-se, apesar da violência extrema.
A constatação é evidente: Apesar do “Grande Debate, Emmanuel Macron ainda não encontrou a porta de saída para a inédita crise do movimento dos Coletes Amarelos.
(Leia mais sobre o tema no artigo « O grande medo da Europa », na revista E deste sábado AQUI)