Donald Trump sugeriu, na última conferência de imprensa da Casa Branca sobre a Covid-19, que a injeção de desinfetante no corpo poderia ajudar a matar o novo coronavírus. O Presidente lançou ainda a hipótese de expor os doentes a radiações ultravioleta, uma vez que este vírus pode ser sensível ao calor.
Referindo-se ao facto de o mesmo estudo indicar um enfraquecimento deste vírus quando exposto à luz solar e ao calor, Trump aproveitou para dar mais sugestões.
“Suponhamos que atingimos o corpo com uma tremenda luz, quer seja ultravioleta quer seja apenas uma luz muito poderosa (…), suponhamos que se leva a luz para dentro do corpo, o que podemos fazer através da pele ou de outra forma”, sugeriu o líder.
“Acho que disseram que iam testar essa hipótese. Parece interessante”, disse Trump a Deborah Birx, coordenadora da Casa Branca na resposta ao novo coronavírus. A responsável respondeu que nunca ouviu falar do uso de calor e luz como tratamento, apesar de “o calor da febre ajudar o corpo a responder”.
À Bloomberg News, o pneumologista norte-americano John Balmes explicou que até o ato de respirar lixívia pode causar danos à saúde. “Inalar lixívia seria absolutamente desastroso para os pulmões. Nem sequer uma fraca diluição desse produto ou de álcool desinfetante seria segura. É um conceito totalmente ridículo”, assegurou.
Não só a comunidade médica reagiu. Joe Biden, futuro rival de Trump nas eleições presidenciais de novembro, lançou uma sugestão a Trump no Twitter: “Raios UV? Injeções de desinfetante? Aqui vai uma ideia, senhor Presidente: mais testes. Agora. E equipamento de proteção para verdadeiros profissionais de saúde”.
Ainda esta semana o Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos tinha avisado os norte-americanos de que devem ser cuidadosos com os produtos de limpeza, numa altura em que dispararam as vendas dos desinfetantes.
“As chamadas telefónicas para os centros de envenenamento aumentaram fortemente no início de março de 2020 devido à exposição quer a produtos de limpeza, quer a desinfetantes”, refere a entidade, citada pela BBC.
Um alerta semelhante veio da agência federal Food and Drug Administration (FDA), segundo a qual a há várias pessoas a venderem falsos medicamentos com desinfetante entre os componentes, alegando que estes conseguem tratar uma série de doenças.
“A FDA recebeu queixas de consumidores que sofreram vómitos graves, diarreia, baixa pressão arterial provocada por desidratação, assim como insuficiência aguda do fígado depois de beberem esses medicamentos”, explicou a entidade.
Os Estados Unidos são a nação atualmente mais afetada pelo novo coronavírus, contando com mais de 874 mil pessoas contagiadas desde o início da pandemia, das quais apenas 71 mil recuperaram. O país regista quase 50 mil vítimas mortais.