PM Costa apela aos portugueses para que façam férias em Portugal

Costa puxa pelo turismo interno e pede desculpa pelo “egoísmo” de ter gostado do ‘novo’ Algarve

TIAGO PETINGA

Primeiro-ministro diz que, a par da saúde pública, é preciso ajudar a economia. E apela aos portugueses para que façam férias dentro de portas. Com um pedido de desculpas pelo « egoísmo »: “Que bom que foi ver o Algarve sem as enchentes do costume!”

Alfa/Expresso. Por David Dinis

Oprimeiro-ministro aproveitou os feriados e a ponte e foi até ao Algarve. Esta segunda-feira, ao lançar a campanha do Turismo de Portugal que pede aos portugueses para fazerem férias cá centro (#tupodes. Visita Portugal), António Costa pediu para fazer um desabafo em jeito “egoísta”: “Vi o Algarve como não via desde os anos 60. É uma oportunidade rara. Enquanto primeiro-ministro não desejo, mas deixem-me por um momento ser egoísta: que bom que foi ver o Algarve sem as enchentes e filas do costume! Até quando apanhei no regresso um engarrafamento… até esse momento me satisfez, aí já como primeiro-ministro. É mesmo uma oportunidade!”.

O desabafo, na cerimónia que ocorreu em Lisboa, seguiu-se a um outro no mesmo sentido. Costa lembrou-se do dia em que foi até à Baixa de Lisboa, uma cidade deserta, e colocou-se a si mesmo uma questão: “Há quanto tempo os lisboetas não vêm à Baixa? Hoje têm o privilégio de a poder ver só para si. Quase só para nós. Não está cheio de gente. Isto não vai durar muito”.

Esta é a convicção de Costa. Se as fronteiras estão a ser reabertas esta segunda-feira no espaço Europeu (Espanha fica para junho), se Portugal é um país “de braços abertos” para os turistas que vêm de fora, este será mesmo assim o ano em que o turismo viverá dos portugueses. No mundo, disse o chefe de Governo, “todos vamos fazer mais férias no nosso país do que no exterior.” Daí o desafio aos portugueses: “Se temos o privilégio de viver no melhor destino do mundo, não teremos um ano tão bom para aproveitar como este ano”.

Para o primeiro-ministro não é só uma questão de lazer. É também de sobrevivência para muitos. Pelo que a mensagem também foi de solidariedade para com os trabalhadores do sector, de motivação para os empresários. “Só tínhamos duas opções: ou ficar parados à espera que passe ou fazer acontecer. E nós não somos de ficar parados.”

“Há dois meses”, confidenciou Costa, “reuni-me com o presidente da Confederação do Turismo. E perguntei: como vai ser? ‘Catástrofe. Isto vai estar tudo parado’”. Mas não, garantiu Costa. “Hoje felizmente poucos são os que ainda não abriram. Temos de abrir, não podemos ficar à espera que passe. Temos de proteger também o emprego e as empresas portuguesas e de fazer viver estes territórios.”

Antes, já o ministro de Estado e da Economia, Siza Vieira, dava os argumentos para os portugueses sentirem segurança na marcação de férias: “Atuámos cedo. E fechámo-nos dentro de casa, como muitos outros países fizeram. Foram momentos que revelaram o melhor de Portugal: os portugueses e o sentido de comunidade que nos levou a tomar conta de nós”. Agora, disse Siza, “podemos encarar a nossa saúde pública com uma confiança que os números revelam”. Horas antes, a ministra da Saúde tinha revelado um pouco mais de ceticismo, ao dizer na conferência de imprensa diária com a diretora da DGS que os números da Região de Lisboa e Vale do Tejo, a continuarem, podem levar a um recuo nas medidas de desconfinamento.

A sintonia entre os dois ministros fez-se, talvez, no apelo a que o regresso a férias se faça com cuidados: “É o tempo de reconquistarmos o espaço público. Com cautela, com as máscaras, normas de higiene”, disse Siza, perante os empresários do sector – os que estiveram na cerimónia, de máscara na cara. “Que sejamos capazes de voltar a ocupar o território. Tanta coisa para ver, agora com olhos desconfiados.”

Article précédentCovid-19. Festa ilegal em Lagos originou pelo menos seis infetados
Article suivantCRONOLOGIA: Covid-19: Doença afetou mundo inteiro em menos de seis meses