Porteiro do prédio de Sócrates em Paris devia ter sido interrogado – Juíz

Segundo prédio onde Sócrates viveu em Paris (1º andar), registado em França em nome de Santos Silva (Ler ficha oficial francesa). Foto Daniel Ribeiro; documento de registo de propriedade, publicado no Expresso): 

Porteiro do prédio em que José Sócrates viveu em Paris devia ter sido interrogado, critica Ivo Rosa, segundo escreve hoje o jornal Público. Juíz entende que Ministério Público falhou diligências essenciais para demonstrar que apartamento de luxo pertencia ao ex-primeiro-ministro e não a Santos Silva.

(Nota da Alfa: o artigo e o juíz referem-se ao porteiro – na realidade, na época, um jovem casal de franceses – do segundo apartamento onde o antigo primeiro-ministro viveu em Paris, na avenue du Président Wilson. Antes de se instalar neste, Sócrates viveu num outro, também de luxo, mas alugado, igualmente no muito exclusivo bairro número 16 de Paris, no quarteirão de Passy – neste, o casal de porteiros era português. Esta informação foi constatada nos dois locais por Daniel Ribeiro, que assina esta nota e que, na altura, falou algumas vezes com os porteiros de ambos os prédios no quadro de uma reportagem para o jornal Expresso (Portugal). Os porteiros da avenue du Président Wilson disseram então ao repórter que, um dia, José Sócrates lhes apresentou Santos Silva como dono do apartamento. No registo francês de propriedade, também consultado pelo Expresso na época, o apartamento estava de facto registado em nome do amigo Santos Silva, que alegadamente lhe financiou, com dinheiro vivo, a sua estadia em Paris e outras atividades, como por exemplo viagens. No total, as ajudas financeiras discretas, não declaradas e não efetuadas por transferências bancárias – que José Sócrates diz terem sido empréstimos –  atingem o valor de um milhão e 700 mil euros. O apartamento a que se refere o juíz, que esteve arrestado e que foi visitado por Daniel Ribeiro depois de  Sócrates de lá ter saído e de ele já estar com problemas com a Justiça, é um vasto seis assoalhadas de luxo com dois grandes salões, sala de jantar e três quartos, com soalho aquecido e três lareiras. No registo predial francês o proprietário do alojamento era identificado como se chamando Da Silva Carlos Manuel, nascido a cinco de dezembro de 1958 e residente em Lisboa, na morada oficial de Carlos Santos Silva. O apartamento é num prédio em pedra de talha, idêntico a muitos outros das zonas mais ricas de Paris. O primeiro andar, onde habitou o antigo primeiro-ministro, apenas tem dois apartamentos idênticos, mas cada um tem escadaria autónoma. DR)

Registo oficial de propriedade do segundo apartamento em que viveu José Sócrates em Paris (publicado no Expresso):

Foto do prédio em Passy onde Sócrates viveu no terceiro andar, num apartamento alugado (Foto Expresso, Alberto Frias). Depois mudou para o do bairro da Pont d’Alma

A acusação (Ministério Público – MP) afirma que o apartamento pertencia na realidade a José Sócrates tendo sido designadamente ele que dirigiu as obras de remodelação que a certa altura foram feitas no interior. O MP baseia a acusação em escutas telefónicas.

O Juíz diz que, além do porteiro, também deveriam ter sido interrogados o arquiteto e o empreiteiro que efetuaram a renovação do apartamento.

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