Portugal/Eleições. Sem votos contados da emigração. PCP rejeita Governo inexistente, PR recebe partidos. Opinião

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a leitura da mensagem ao país, a propósito da realização das eleições legislativas 2024, no Palácio de Belém, em Lisboa, 09 de março de 2024. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Alfa – Daniel Ribeiro. Opinião

 

Portugal/Eleições. Sem votos contados da emigração. PS reconhece derrota, PCP rejeita Governo inexistente, IL desliga da AD. PR recebe partidos em Belém. Opinião

 

O mais provável é que se repitam os mesmos resultados de (quase sempre) na emigração? É bem possível, mas também pode acontecer que os resultados desta vez sejam diferentes. Mas em Portugal pouca gente – ou ninguém – liga a esta possibilidade.

É verdade que, em Portugal, os emigrantes contam pouco desde há muitos anos para a classe política e para os comentadores locais – embora tenham contado e continuem a contar (e muito, com as remessas) para o equilíbrio das contas no país. Em primeiro lugar, eles não contavam como pessoas dignas para Salazar que os enviou para uma emigração miserável em imensos bairros da lata, designadamente para França, a partir dos anos 1960. Na altura, alguns franceses qualificavam os portugueses como “sales portugais” (porcos portugueses), mas isso nunca parece ter envergonhado o ditador português.

Depois de os pobres e analfabetos emigrantes dos “bindonvilles” terem estado na origem de uma extraordinária senda de sucesso em França, fazendo filhos e netos luso-franceses e criando pequenas e grandes empresas de envergadura por vezes surpreendente, os políticos portugueses passaram a visitá-los de vez em quando para lhes passarem a mão no pelo.

Mas, agora, nas eleições legislativas, os portugueses do estrangeiro continuam a ser tratados como cidadãos de segunda categoria.

Os seus votos (dos emigrantes e lusodescendentes) contam, mas pouco, e a maioria dos políticos apenas deseja uma coisa: que a emigração não baralhe de novo os resultados eleitorais, como aconteceu recentemente.

É incrível o que está a acontecer por estes dias em Portugal – o Presidente Marcelo está a receber os partidos em Belém quando ainda faltam eleger quatro deputados da emigração; o PCP anuncia a rejeição do Governo quando este ainda não existe, e a IL desliga da sua prometida colaboração com a AD; O PS reconheceu a derrota eleitoral tangencial e a AD parece estar já a preparar o seu futuro, como Governo.

Tudo isto acontece num país onde, repete-se, ainda não são conhecidos os nomes de quatro parlamentares. Só quando os resultados definitivos forem divulgados, no dia 20, se confirmará (ou não) a vitória tangencial da AD nestas eleições. Até lá, pede-se respeito pelos emigrantes e pelo seu voto.

Article précédentEUA. David Valadão, o lusodescendente e congressista republicano que não apoia Trump
Article suivantFestival Internacional de Música da Bendada