Portugal/Eleições: Ventura diz que PR lhe garantiu que não se oporá a Chega no Governo

André Ventura (C), presidente do Partido Chega, fala aos jornalistas após o encontro com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência das audiências aos partidos com assento parlamentar após as eleições legislativas de 10 de março, no Palácio de Belém, em Lisboa, 18 de março de 2024. MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Eleições: Ventura diz que PR lhe garantiu que não se oporá a Chega no Governo

O líder do Chega disse ontem que o Presidente da República lhe transmitiu que não se oporá a que o seu partido integre o próximo Governo e insistiu que só viabilizará um Orçamento do Estado com negociação.

« Posso dizer que o senhor Presidente da República desmentiu cabalmente e categoricamente que tivesse manifestado qualquer intenção de impedir que o Chega fizesse parte integrante ou liderante ou de qualquer outra forma do Governo da República », afirmou.

André Ventura falava aos jornalistas à saída de uma audiência de uma hora com Marcelo Rebelo de Sousa, que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa.

De acordo com o líder do Chega, Marcelo Rebelo de Sousa « desmentiu categoricamente a informação de que teria preferência para que o Chega não estivesse no Governo », sustentando que « não faria nenhum sentido, quem escolhe é o povo ».

« Agradecemos-lhe a clareza em nome da direção do Chega e do Grupo Parlamentar, porque era importante que o país não vivesse numa mentira de que o chefe de Estado estaria a querer boicotar a presença do Chega no Governo », afirmou Ventura.

Sobre o Orçamento do Estado, o presidente do Chega defendeu que « não faz nenhum sentido que um partido viabilize com o voto favorável um orçamento sem negociar ».

Mas admitiu que « há medidas pontuais como a equiparação do suplemento de missão aos polícias e aos militares, a recuperação do tempo de serviço dos professores, a reforma estrutural do combate à corrupção, a independência da justiça, isso pode ser feito medida a medida, e aí o Chega estará sempre disposto a trabalhar ».

No final da audiência, que decorreu na sequência das eleições legislativa de 10 de março, o presidente do Chega disse também ter transmitido ao Presidente da República que « não há ainda nenhum acordo, nem nenhum entendimento com a Aliança Democrática que permita garantir a estabilidade do Governo a quatro anos ».

André Ventura afirmou que, « para haver maioria [parlamentar], é preciso Chega e PSD » e que « só essa maioria dá garantias de estabilidade », indicando que tentará « até ao fim chegar a um entendimento » com o PSD por forma a « evitar uma nova crise política ».

O presidente do Chega, que tem insistido num « acordo de governo », voltou também a colocar a responsabilidade no líder do PSD caso continue a recusar esse acordo.

« Se Luís Montenegro quer precipitar o país para eleições em sete meses ou oito meses é uma escolha que Luís Montenegro fará », disse, defendendo que, « se houver acordo de Governo haverá estabilidade, se não houver acordo de Governo, o PSD será responsável pela instabilidade que gerar ».

Questionado se exigirá integrar o Governo, Ventura referiu que “o que faz sentido é que haja um acordo de governo com pessoas, com políticas, com objetivos, a questão aqui nunca foi pastas”.

André Ventura salientou igualmente que não aceitará “de ânimo leve” uma eventual indigitação de Pedro Nuno Santos como primeiro-ministro se, depois de finalizado o apuramento dos votos, o PS vier a ser o partido mais votado ou com mais deputados.

E apelou a uma convergência à direita para apresentar uma solução alternativa ao Presidente da República, que permita a constituição de um governo alternativo, à semelhança do que aconteceu em 2015.

O Chega está confiante que poderá eleger mais deputados nos círculos da Europa e Fora da Europa, juntando aos 48 que já conseguiu.

Sobre a contagem dos votos dos emigrantes, que decorre até quarta-feira, André Ventura disse ter « vários relatos » de « situações de potencial irregularidade e centenas de pessoas que voltaram a não ter boletins de voto ou cujos boletins de voto só chegaram agora ».

O líder do Chega adiantou que, « depois de finalizado o processo, com todas as instituições a funcionarem », o Chega irá apresentar « uma iniciativa no parlamento » sobre esta matéria, mas recusou dizer qual « para não prejudicar a credibilidade do processo que está em curso ».

Questionado também se foi abordada nesta audiência a possibilidade de o Chega vir a estar representado no Conselho de Estado, Ventura respondeu: « Lateralmente falámos da presença do Chega nalguns órgãos como resultado desta votação, presença que é institucional e, portanto, é automática em relação à votação ».

Alfa/ com Lusa

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