OPINIÃO. Por Jorge Araújo, Expresso. In Expresso Curto de hoje.
« Há palavras com licença de porte de arma e Marcelo Rebelo de Sousa sabe-o melhor do que ninguém. Palavras que nunca devem ser ditas ao acaso, sobretudo quando se tem alma de sniper. O tiro certeiro foi disparado no programa Alta Definição, que vai para o ar este sábado, na SIC.
O disparo atingiu o país inteiro. O Presidente dos afectos abriu o coração – só tomará a decisão de se recandidadar a Belém depois de fazer um cateterismo. E foi assim, num programa de televisão, que Portugal ficou a conhecer a sua ficha clínica.
Todo o coração herda as suas dores: “O meu avó era cardíaco, o meu pai era cardíaco, os meus irmão acham que não mas são cardíacos – vivem felizes, são mais novos do que eu. Enfim, achei que devia fazer exames médicos também em matéria cardíaca. A minha hipocondria mandou fazer. E fiz e genericamente estão bem, mas restaram dúvidas que obrigam a um novo exame”.
É neste preciso momento da entrevista que Marcelo Rebelo de Sousa carrega no gatilho e dá guia de marcha à bala de ouro: “ Vou ter de fazer, daqui a umas semanas, um cateterismo”. E o país, até agora entretido com a formação da futura “Geringonça”, desabafou em uníssono para com os seus botões: “Aguenta, coração”.
Até ao princípio de noite de ontem, a recandidatura de Marcelo era um não assunto. Um dado adquirido. Já se imaginava uma caminhada triunfal, via verde na passarela para Belém.
E agora? E se ele não se recandidatar? Animação é a única garantia. Os partidos vão ter de descobrir à pressa um candidato, abre-se uma janela de oportunidade para quem nem sequer pensava no assunto – nem nos sonhos mais loucos alguém de bom senso imaginaria vencer Marcelo nesta altura do campeonato.
E, já que estamos nos “ses”, uma provocação: e se António Costa for candidato nas próximas presidenciais? »