Eutanásia: Lei aprovada por maioria no parlamento vai seguir para o Presidente da República, que a pode vetar, enviar para o Tribunal Constitucional ou promulgar.
No total, votaram a favor 136 deputados, 78 contra e quatro abstiveram-se.
Na votação, o PSD, que tinha liberdade de voto, dividiu-se: 56 deputados votaram contra e 14 a favor, entre eles o líder do partido, Rui Rio.
No PS, uma larga maioria votou a favor da lei, mas nove deputados votaram contra, entre eles Ascenso Simões, José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto.
Entre as abstenções, duas foram do PS e outras tantas do PSD.
A votação da lei durou cerca de 30 minutos, com os 218 deputados presentes a votarem à vez por não poderem estar todos ao mesmo tempo no plenário, devido à situação epidémica.
A lei vai seguir – depois de aguardar três dias por reclamações – para decisão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que a pode vetar, enviar para o Tribunal Constitucional ou promulgar.
A lei aprovada na sexta-feira na Assembleia da República prevê que pode pedir a morte medicamente assistida, ou eutanásia, uma pessoa « maior, cuja vontade seja atual e reiterada, séria, livre e esclarecida, em situação de sofrimento intolerável, com lesão definitiva de gravidade extrema de acordo com o consenso científico ou doença incurável e fatal ».
Se o Presidente promulgar e a lei entrar em vigor, Portugal será o quarto país na Europa, e o sétimo no mundo, a legalizar a eutanásia.
Antes de Portugal, já haviam legalizado a eutanásia, embora com diferenças legais, a Holanda, Bélgica, Luxemburgo. Espanha aprovou em dezembro de 2020 uma lei, mas aguarda-se uma votação do Senado, o que poderá acontecer no primeiro trimestre.
Na Suíça, a prática de eutanásia (morte assistida por profissionais de saúde) é proibida, mas desde 1940 que a lei permite o suicídio assistido.
No Canadá e em cinco Estados dos Estados Unidos (Oregon, Vermont, Califórnia, Washington e Montana) também está despenalizada a prática da eutanásia. O mesmo acontece em dois países sul-americanos, Uruguai e Colômbia.
Na Austrália esta prática é permitida no Estado de Vitória e em outubro de 2020 a Nova Zelândia votou, em referendo, a favor da despenalização.