Depois de um « processo complexo », a diretora do Programa Nacional para a Alimentação Saudável informa que o protocolo assinado esta quinta-feira com a indústria vai permitir reformular produtos que representam pelo menos 80% do total de vendas.
Mais de dois mil produtos alimentares vão passar a ter menos sal e açúcar. As contas foram adiantadas ao Público pela Direção Geral da Saúde, que, ao fim de mais de ano de negociações, assina hoje um protocolo com a indústria alimentar para reduzir até 2022 as quantidades de açúcar, sal e gorduras trans em cereais de pequeno-almoço, iogurtes, pão, sopas prontas a comer ou batatas fritas.
Depois de um « processo complexo » que envolveu 17 reuniões, a diretora do Programa Nacional para a Alimentação saudável informa que o acordo com a indústria vai permitir reformular produtos que representam pelo menos 80% do total de vendas de cada categoria: no caso do açúcar, serão cereais de pequeno-almoço, refrigerantes, néctares de fruta, iogurtes e leites com chocolate; no sal, além dos cereais de pequeno almoço, a redução vai incidir também nas batatas fritas e outros snacks, pão, sopas e outras refeições prontas a consumir; e em relação aos ácidos gordos trans, o foco são produtos alimentares de pastelaria.
« Queríamos assegurar que os alimentos que vão ser reformulados são aqueles que são mais consumidos pela população. Isso é um dos pontos muito positivos deste acordo », realça Maria João Gregório em entrevista ao Público, onde também informa que vai ser feita uma avaliação rigorosa ao cumprimento do acordo. No geral, as metas são para atingir em 2022 e passam por reduzir em 10% o sal utilizado nos cereais de pequeno-almoço e pizas, e em 12% nas batatas fritas e outras snacks.
Em relação ao sal no pão, aplica-se à indústria a meta já fixada com as panificadoras – um grama de sal por cem gramas de pão. Quanto ao açúcar, serão, na sua maioria, reduções de 10% até 2022, ao contrário dos néctares, que terão uma redução menor – 7% – e até 2023. « Nestes produtos há mais dificuldade em reduzir o açúcar porque este está geralmente presente no sumo da fruto ».
Maria João Gregório admite, aliás, algumas dificuldades noutras áreas, como em relação aos produtos de charcutaria e queijos, onde ainda não se conseguiu chegar a acordo com a indústria. Nas gorduras trans, preveem-se dois gramas por cada cem gramas de gordura, que é o que vai ficar definido no regulamento aprovado a semana passada pela Comissão Europeia. Mas também aqui a responsável da DGS reconhece que não estimou uma redução imediata destes ácidos nos alimentos « porque o valor não vai ser significativo », ao contrário que vai acontecer noutras áreas.
Se as metas iniciais da DGS forem alcançadas – embora também aqui se admitam algumas limitações -, os portugueses vão consumir menos 1825 toneladas de sal em comparação com o que consumiam em 2016. No açúcar, os valores previstos são ainda mais impressionantes: menos 13 mil toneladas.
Alfa/DN