Portuguesa (porteira e ativista) torna-se vereadora e adjunta « au maire » num dos maiores bairros de Paris – o 17º

Lourdes Fernandes, gardienne au 26, rue Gauthey (XVIIe) et adjointe au maire du XVIIe
Foto: Le Parisien. « Lourdes Fernandes, devant la loge de l’immeuble de la rue Gauthey (XVIIe), où elle est gardienne depuis 29 ans. LP/P.B »

Portuguesa Lourdes Fernandes, conhecida por Loulou segundo o jornal Le Parisien, torna-se vereadora e adjunta « au maire » num dos maiores bairros de Paris (17º). O jornal de Paris diz que ela é « um modelo da integração republicana ».

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Alfa/com Lusa e Le Parisienemail sharing button
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whatsapp sharing buttonEleita em 2020 como vereadora do 17º bairro de Paris, Lourdes Fernandes tornou-se recentemente vereadora-adjunta de um dos maiores bairros da capital francesa, tendo recebido na semana passada a nacionalidade francesa numa cerimónia no Panteão.

« Eu já vivo em França há 42 anos e já me sinto quase mais francesa do que portuguesa, mas tenho muito orgulho de ser portuguesa, mas era uma coisa que era necessária para me sentir integrada. Eu estou integrada na vida em França, mas ter a nacionalidade é acrescentar uma pedra nesta caminhada para continuar a crescer », disse Lourdes Fernandes, em declarações à Agência Lusa.

Lourdes Fernandes destacou-se como uma das porteiras mais ativas da capital francesa, organizando a maior Festa do Vizinhos de Paris, e chamando a atenção para a importância da solidariedade intergeracional. Em 2020, foi eleita como vereadora da Câmara Municipal do 17º bairro, equivalente a uma junta de freguesia em Portugal, estando agora à frente da pasta da Luta contra a Exclusão e Precariedade.

« Acho que sempre fui muito dada aqui no meu bairro, estou pronta para ajudar e há sempre coisas para fazer. Quando eu vejo alguém em dificuldade, automaticamente quero ajudar. Esta solidariedade tem de ser cada vez mais forte, porque hoje estamos a ajudar e amanhã podemos ser nós a precisar. Eu quero estar sempre presente », declarou Lourdes Fernandes.

Devido a não ter a nacionalidade francesa, esta eleita não podia aceder ao cargo de vereadora adjunta. A atribuição da nacionalidade francesa aconteceu há alguns meses e foi formalizada na sexta-feira, numa cerimónia organizada pela Prefeitura de Paris no Panteão francês, permitindo assim que Lourdes Fernandes assuma o seu novo cargo.

« Faltava-nos um adjunto. Eu já tinha proposto à Lurdes, mas ela não tinha nacionalidade francesa e nós ajudamo-la a obtê-la, já que ela foi eleita porque é uma cidadã europeia e agora espero que ela possa ter cada vez mais responsabilidade », explicou Geoffroy Boulard, autarca do 17º bairro.

Para esta porteira portuguesa, estas novas funções tratam-se apenas de « uma formalidade ».

« Esta distinção é só uma formalidade porque o trabalho que estou a fazer, faço-o há dois anos, mas claro que é uma responsabilidade já que sempre que se dá um exemplo, é uma responsabilidade e não nos podemos enganar nos exemplos que damos », declarou.

Uma distinção merecida para o autarca do 17º bairro de Paris, onde vivem mais de 164 mil parisienses.

« Ela é uma pessoa que está muito empenhada na vida do nosso bairro, na vida dos nossos habitantes, conhece bem toda as problemáticas e está sempre disposta a ajudar. Para mim é completamente natural que ela se torna minha adjunta », concluiu Geoffroy Boulard.

« Paris : Loulou, la gardienne d’immeuble modèle d’intégration républicaine devenue adjointe au maire. Gardienne d’immeuble rue Gauthey (XVIIe) depuis 1993, Lourdes Fernandes, plus connue dans le quartier sous le nom de Loulou, vient d’être élue adjointe à la lutte contre la grande exclusion et la précarité de son arrondissement », escreveu o jornal Le Parisien.

Segundo este diário, Lourdes Fernandes nasceu em Portugal a 23 de dzembro de 1965 e chegou a Paris en 1980, com 14 anos. Lourdes, de origens modestas, abandonou a escola muito cedo e não tem qualquer diploma.

Aprendeu a língua francesa, com estudos pagos do seu bolso, na Alliance Française.

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