Os autarcas das localidades raianas de Rio de Onor, em Portugal, e Puebla Sanábria, em Espanha, lançaram uma petição para que seja construída uma estrada, reclamada há 20 anos, que permita a ligação rodoviária entre si.
As duas localidades raianas são pontos de atração turística que não conseguem fazer circular entre si um autocarro, por falta de uma estrada reclamada há 20 anos.
Os autarcas dos dois lados da fronteira decidiram avançar para mais uma forma de luta com uma petição dirigida aos governos dos dois países, para que seja construída a estrada entre Bragança e Puebla de Sanábria e, concretamente, que Portugal inclua a rodovia com menos de 40 quilómetros no Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território em discussão pública até ao final de junho.
Dentro de um ano deverá chegar a Puebla de Sanábria o AVE, o comboio de alta velocidade espanhol, enquanto um autocarro com turistas não consegue fazer a ligação entre a localidade espanhola e a vizinha portuguesa de Rio de Onor, devido ao traçado da estrada que liga a fronteira a norte de Bragança.
Há 20 anos que esta ligação é reivindicada e chegou a ser incluída no Plano Nacional Rodoviário português, mas o projeto foi abandonado pelo Governo central, com a justificação dos entraves ambientais devido ao facto de atravessar o Parque Natural de Montesinho.
Portugueses e espanhóis constituíram a associação « Autovía Léon Bragança », com o principal objetivo de reivindicar a construção de “um acesso digno”, que daria continuidade até Léon, do lado espanhol.
A mesma associação decidiu agora avançar com mais uma ação de luta em forma de petição a reivindicar a inclusão da estrada nos investimentos públicos, concretamente como estava inicialmente prevista, dando continuidade ao IP2, que liga todo o interior de Portugal, até à fronteira no extremo norte do país.
“É inadmissível que em Rio de Onor um autocarro não consiga passar de Portugal para Espanha. Ainda na semana passado um autocarro de turistas espanhóis teve de voltar para trás e fazer mais quilómetros para chegar ao lado português”, segundo o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias.
O autarca português apontou que “o Governo central tem permanentemente vindo a Bragança dizer que está num mercado de 60 milhões de habitantes (Península Ibérica), mas depois nada acontece”
Hernâni Dias está convencido de que esta “ligação representa uma economia relativamente a outras ligações já existentes”, nomeadamente, mais a sul, na fronteira de Quintanilha.
“Não fosse uma decisão política de nível central, se fosse de nível local, teríamos hipotecado todos os nossos meios para fazer esta intervenção, mas não temos essa autonomia”, vincou.
O autarca espanhol de Puebla de Sanábria, José Fernandez, lembrou que a Puebla está a chegar o AVE, o comboio de alta velocidade espanhol, o que esperam venha a acontecer já em 2019, e “para que não digam que não há passageiros”, o outro lado da raia deixa claro que também precisa desta estrada para que a estação exista.
Além do mais, Rio de Onor é uma das sete maravilhas de Portugal e a Puebla um dos povos de Espanha com procura permanente por parte dos turistas.
“Muito mudou, menos a estrada. Continuamos a ter uma ligação na fronteira para contrabando”, enfatizou.
Puebla de Sanábria promete fazer pressão também junto de Castela e Leão e os responsáveis locais perguntam como combater o despovoamento se para fazer 40 quilómetros se demora uma hora.
Alfa/Lusa