Um grupo de ciclistas, na sua maioria portugueses, vai pedalar de Paris até Lisboa, de 19 a 29 de julho em homenagem aos emigrantes, disse à Lusa o promotor do projeto, apaixonado pelo ciclismo, Artur de Faria.
Os cerca de 2.000 quilómetros vão ser percorridos em 11 etapas que vão ligar Villejust, nos arredores de Paris, a Lisboa, por estradas secundárias e sem dia de descanso, contando com 9 ciclistas que pretendem cumprir todas as etapas e mais dois que vão realizar apenas a parte francesa.
« Vamos tentar fazer esta viagem em tão pouco tempo em bicicleta, mas não sofreremos tanto como sofreram certos portugueses que vieram aqui a França no sentido inverso. E tentaremos lembrar-nos os que passaram mal por estes caminhos fora », disse à Lusa Artur de Faria, de 58 anos, que tem 19 títulos de campeão de França nas provas da Fédération Sportive et Gymnique du Travail’ (FSGT) em estrada, Cyclo-Cross e VTT.
O português começou a pensar neste desafio « há muitos anos » para « reunir a paixão pelo ciclismo ao reconhecimento pelos esforços » dos pais e avós, nomeadamente do avô que emigrou antes da segunda guerra mundial e que chegou a fugir « aos alemães no princípio da guerra e passou uma noite, em Bordéus, debaixo de uma ponte com os alemães em cima e ele com medo e a tentar voltar para Portugal ».
« Esses caminhos difíceis que me contou o meu avô é que me deram também a ideia de nós fazermos um esforço a pensarmos neles que sofreram para que nós pudéssemos gozar. Os meus colegas, principalmente um que é o Francisco Timoteo que é de ao pé de Penamacor – perto da fronteira espanhola, onde passavam as pessoas a salto – ele é que me deu ainda mais coragem para nós fazermos isso em homenagem aos nossos pais e avós », continuou.
Artur de Faria, que chegou a França com sete anos e que desde os 13 anos anda em provas de ciclismo, acrescentou que o objetivo é fazer « 6 a 7 horas por dia numa média de 30 quilómetros por hora » ao longo das estradas secundárias por onde passavam de carro « quando eram garotos » nas férias de regresso a casa.
O grupo vai ser acompanhado por três veículos de assistência que deverão, também, tirar fotografias e filmar para « alimentar » uma página Facebook do evento e a página internet do clube de ciclismo de Villejuste.
Ao longo das onze etapas, os ciclistas vão passar por Villejuste, Montoire-sur-le-Loir, Vivonne, Carbon-Blanc, Saubusse, Tolosa, Briviesca, Valladolid, Sancti-Spíritus, Castelo Branco, Leiria, Fátima e Lisboa, sendo as etapas mais curtas de 144 quilómetros e a mais longa de 201 quilómetros.
Uma das etapas mais simbólicas vai ser a passagem por Fátima, no último dia, para lembrar a viagem « quase obrigatória » ao santuário que Artur de Faria realizava com os pais, nas férias, quando era criança.
« Não tenho receio », concluiu Artur de Faria, sublinhando que, até julho, estão previstos « treinos com etapas de 200 quilómetros », várias provas e « 15 dias antes do arranque » vão fazer a primeira etapa « todos juntos ».
Artur de Faria sublinhou, ainda, que « este projeto pode realizar-se graças a empresários portugueses que passaram pelas mesmas dificuldades e que vão ajudar financeiramente ».
Alfa/Lusa