Presidente Marcelo diz que “temos de pagar” pela escravatura em África e massacres coloniais.
As declarações foram proferidas durante um jantar na terça-feira, 23, com jornalistas correspondentes estrangeiros.
A este respeito, o Presidente da República prometeu designadamente “ver como podemos reparar” as ações criminosas “em que os responsáveis não foram presos”, bem como vir a devolver “os bens que foram saqueados”.
Marcelo Rebelo de Sousa defende pagamento de reparações por crimes da era colonial
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.
« Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto », afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, citado pela agência Reuters.
O Presidente da República falava, na terça-feira, durante um jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal.
No evento, Rebelo de Sousa disse que Portugal « assume toda a responsabilidade » pelos erros do passado e lembra que esses crimes, incluindo os massacres coloniais, tiveram custos.
Há um ano, na sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro Lula da Silva, que antecedeu a sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal devia um pedido de desculpa, mas acima de tudo devia assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial.
« Não é apenas pedir desculpa – devida, sem dúvida – por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é às vezes o que há de mais fácil, pede-se desculpa, vira-se as costas, e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado », defendeu.
Durante mais de quatro séculos, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram raptados, transportados à força para longas distâncias por navios e mercadores maioritariamente europeus e vendidos como escravos.