Marcelo Rebelo de Sousa recorda Giscard d’Estaing como « defensor da liberdade e da democracia » – em nota enviada à Lusa.
Valéry Giscard d’Estaing morreu na noite de quarta-feira, aos 94 anos, devido a complicações cardíacas num quadro clínico de covid-19, após ter sido hospitalizado a meio de novembro.
Numa nota enviada à agência Lusa, Marcelo Rebelo de Sousa endereçou « à França e à família » de Giscard d’Estaing « respeitosas e sentidas condolências, em nome de Portugal e dos portugueses », lembrando o antigo Presidente francês « com saudade e respeito ».
« Saudade pelo homem e o académico, que conheci desde os anos 80 e 90, nas lides partidárias europeias e com quem tive a honra de almoçar pela última vez na nossa embaixada em Paris ainda em novembro do ano passado, quando com ele participei numa sessão na Académie Française », escreveu o Presidente da República.
Na mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: « Respeito pelo homem político, defensor da liberdade e da democracia, desde os tempos da resistência à ocupação nazi, ministro e Presidente da República Francesa, amigo de Portugal e das comunidades portuguesas, europeísta convicto e eurodeputado ».
O chefe de Estado referiu que o antigo Presidente francês « escreveu uma constituição para a Europa », que viria mais tarde dar forma ao Tratado de Lisboa ».
Valéry Giscard d’Estaing foi o terceiro Presidente da V República francesa e ocupou o Eliseu entre 1974 e 1981.
Algumas das principais marcas do seu mandato foram o acesso ao voto a partir dos 18 anos, o direito à interrupção voluntária da gravidez e a possibilidade de divórcio por mútuo acordo. Apesar de se ter recandidatado, foi derrotado em 1981 por François Mitterrand.
Giscard d’Estaing foi também ministro das Finanças quando Georges Pompidou era primeiro-ministro, entre 1962 e 1966. Voltou ao Governo com as mesmas funções quando Pompidou já era Presidente, entre 1969 e 1974.
Após a sua passagem pelo Eliseu, foi deputado europeu e dedicou-se à escrita, tornando-se membro da Academia Francesa.