Pais de lusodescendentes nascidos França abandonaram nomes como António, José, Manuel e Maria. Preferiram nomes para os filhos como Jean, Alexandre, Marie ou Sandrine. Os netos chamam-se Enzo, Léa, Lucas, Camille ou Thomas.
Rádio Alfa – fonte INED
Os pais, os primeiros emigrantes, chamavam-se António, José, Manuel ou Maria, mas não transmitiram estes nomes próprios aos seus descendentes.
Preferiram, para os filhos nascidos em França, que constituem a segunda geração da emigração portuguesa, nomes mais próximos dos dos franceses, como Jean, Alexandre, David, Marie, Sandrine ou Sandra.
Já estes, para os seus filhos, a chamada terceira geração (netos dos primeiros emigrantes), escolheram maioritariamente nomes que também são os mais escolhidos pelos franceses, como Thomas, Lucas, Enzo, Laura, Léa ou Camille.
Estes dados são revelados por um estudo do INED, Instituto Nacional francês de Estudos Demográficos, a que a Rádio Alfa teve acesso.
“Muitos estudos interpretam, como uma medida da assimilação, o grau de proximidade destes nomes próprios com os da população maioritária (em França)”, referem os sociólogos Baptiste Coulmont e Patrick Simon numa análise aos resultados do inquérito.
“(Esta escolha dos nomes dos filhos) pode também refletir um desejo de evitar dificuldades futuras à criança durante a sua vida”, acrescentam os dois analistas. Esta preocupação com alguma “invisibilidade”, que os protegeria de “certas discriminações”, é, no entanto, mais visível para a imigração magrebina, africana ou asiática, segundo os dois especialistas.
O estudo, que se debruçou sobre os casos dos emigrantes da Europa do sul (Itália, Espanha e Portugal), e a emigração magrebina, africana e asiática, indica que a escolha do “prénom” (nome próprio) é um sinal da “transformação cultural” dos emigrantes e dos seus descendentes.