Governo francês decretou medidas excecionais de segurança para as comemorações do primeiro de maio, em Paris
Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro
Os alertas oficiais contra a eventual violência – segundo as autoridades, grupos radicais anarquistas e outros ultras ligados às fações mais radicais dos “coletes amarelos” desejam provocar um dia de “caos e apocalipse” – foram de tal forma fortes que alguns analistas até chegaram a dizer que poderemos estar perante uma “encenação voluntária”.
Esta “encenação alarmista” teria como objetivo, para o Governo, desmobilizar os potenciais manifestantes mais moderados.
Os sindicatos vão desfilar em conjunto com os “coletes amarelos” e todos os comércios foram aconselhados a fechar e a protegerem as suas montras e fachadas entre as Praças de Montparnasse e de Italie, por onde passará o desfile principal.
Diversas estações do metropolitano e linhas de autocarro foram encerradas e foram proibidas concentrações de pessoas em diversas áreas da capital – designadamente junto à universidade da Sorbonne, e numa vasta zona dos Campos Elísios, da Concórdia, bem como junto a locais simbólicos institucionais como o Palácio do Eliseu, diversos ministérios e nos arredores da Assembleia Nacional.
Sindicatos e “coletes” querem unir esforços para obrigarem o Presidente Emmanuel a ceder mais às reivindicações do que já fez até agora (no total, anunciou medidas num valor total de mais de 20 mil milhões de euros) depois de cinco meses e meio de manifestações marcadas frequentemente por extrema violência.
7400 agentes das forças da ordem foram mobilizados para garantir a segurança neste dia, só em Paris.
Os controlos preventivos, com revistas de sacos, de malas de carros e de autocarros começaram desde ontem em Paris e nos arredores, incluindo nas estações dos caminhos de ferro. Agentes retiraram também do trajeto da manifestação oficial tudo o que poderia servir de “arma” aos manifestantes, como pedras soltas, materiais de estaleiros de obras nas ruas e em prédios e mesmo bicicletas e motos. Os residentes dessas zonas foram aconselhados a fecharem-se nas suas casas e a não deixarem automóveis nas ruas.
Diversas pessoas foram presas ontem e já esta manhã por trazerem consigo objetos que poderiam servir de armas em ataques contra a polícia e também por trazerem consigo máscaras e óculos ou por terem sido identificados e registados como violentos em manifestações anteriores.
Muitos “coletes” e setores esquerdistas, alguns ligados aos Black Blok querem que este seja um “primeiro maio histórico”, segundo as autoridades.
A manifestação do mesmo dia, no ano passado, decorreu com graves confrontos na cidade e, depois disso, os desfiles dos “coletes” foram quase sempre marcados por grande violência. (Com o de hoje, os “coletes amarelos” vão marchar nas ruas pela 25ª vez desde que o movimento eclodiu, a 17 de novembro do ano passado).
O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse saber que elementos “ultraviolentos” se vão tentar infiltrar nas manifestações para provocarem “cenas de caos” em Paris.