PS/Congresso: Podem ter derrubado o Governo mas não derrubaram o partido – Costa

O primeiro-ministro, António Costa, durante o XXIV Congresso Nacional do Partido Socialista (PS), na Feira Internacional de Lisboa, 05 de janeiro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O ex-secretário-geral socialista António Costa afirmou hoje que o seu Governo foi derrubado mas não o PS, que tem a “energia” da nova liderança de Pedro Nuno Santos e que “está pronto para a luta”.

“Podem ter-me derrubado, mas não me derrotaram”, declarou o ainda primeiro-ministro, de forma algo emocionada, no final do discurso que proferiu na sessão de abertura do 24º Congresso Nacional do PS.

Perante os congressistas, o ex-líder socialista manifestou-se confiante na vitória do PS nas próximas eleições legislativas em 10 de março, apesar de o seu Governo, suportado por uma maioria absoluta socialista no parlamento, ter caído na sequência de um processo judicial.

“Podem ter derrubado o nosso Governo, mas não derrubaram o PS. O PS está aqui forte, vivo. O PS está aqui rejuvenescido com uma nova energia, com uma nova liderança. E com o Pedro Nuno Santos estamos prontos para a luta”, declarou, levantando a plateia do pavilhão da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

 Também na parte final da sua intervenção, o ex-líder socialista referiu que, desde que o PS formou Governo, em novembro de 2015, venceu todas as eleições nacionais.

“Ganhámos as autárquicas de 2017 e de 2021, as europeias de 2019, as legislativas de 2019 e de 2022. E foram vitórias do PS, não foram vitórias do António Costa”, apontou, procurando assim retirar peso negativo à mudança de liderança na sua força política, na sequência da sua demissão das funções de primeiro-ministro no passado dia 07 de novembro.

No seu discurso, António Costa referiu-se aos principais desafios que os seus três governos enfrentaram desde novembro de 2015: A compatibilização entre as reivindicações do Bloco de Esquerda e PCP com as exigências das Comissão Europeia em matéria de consolidação orçamenta; o Procedimento por Défice Excessivo em 2016 e a luta para evitar que Portugal fosse alvo de sanções; a pandemia da covid-19; a inflação; a guerra na Ucrânia; e a crise política aberta pelo chumbo no parlamento do Orçamento do Estado para 2022.

“Estou certo que o apoio que me deram na crise política de 2022 é o apoio que vão dar também ao Pedro Nuno Santos, quando, mais uma vez, os portugueses forem chamados a decidir por causa de uma crise política que lhes foi criada”, declarou o ex-secretário-geral do PS. Nesta frase, ficou mais uma crítica da sua parte pela decisão tomada pelo Presidente da República de dissolver o parlamento e convocar eleições para 10 de março.

Por várias vezes, ao longo do seu discurso, o ex-líder do PS procurou atenuar o seu papel nos resultados alcançados pelo Governo, ou pelo PS em atos eleitorais.

“Estes não foram anos de António Costa, foram anos de uma grande equipa”, contrapôs, antes de se referir à sua relação com o partido que liderou desde novembro de 2014.

“Muito obrigado pela confiança que em mim depositaram ao longo de nove anos. Para mim, foi uma grande honra ter sido secretário-geral, dando continuidade a uma História que Mário Soares iniciou, e depois dele Vítor Constâncio, Jorge Sampaio, António Guterres, Ferro Rodrigues, José Sócrates e António José Seguro”, disse.

António Costa afirmou depois que, para si, foi uma “honra ter liderado um partido que é o maior nas freguesias e nos municípios, que tem uma grande força sindical, que já foi Governo nos Açores e que vai voltar brevemente a ser Governo nesta região autónoma”, declarou, numa alusão às eleições regionais marcadas para fevereiro.

Neste contexto, o ex-secretário-geral do PS, já depois de ter deixado uma mensagem especial sobre Luís Patrão, ex-responsável pelas finanças dos socialistas e que faleceu recentemente, observou que, em oito anos de exercício de funções governativas, “também se sofre”.

“Mas sofre-se com alegria quando se acredita naquilo que se está a fazer – e o PS sempre me deu apoio”, concluiu.

Neste seu discurso de despedida, António Costa deixou especiais agradecimentos ao presidente do PS, Carlos César, ao último e ao atual presidente da Assembleia da República, respetivamente Ferro Rodrigues e Augusto Santos Silva, e aos secretários-gerais adjuntos no período da sua liderança, Ana Catarina Mendes, José Luís Carneiro e João Torres.

Destacou, ainda, quatro pessoas em especial: Ana Catarina Mendes e Duarte Cordeiro, que foram diretores das suas campanhas eleitorais; a eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques e a ministra Mariana Vieira da Silva pelo papel que tiveram na elaboração do documento “Agenda para a Década” e programas de Governo.

Depois, comoveu-se, antes de falar sobre a sua mulher, Fernanda.

“Há 42 anos que venho a congressos. Este é o vigésimo e, portanto, não é altura para me emocionar. Mas quero agradecer muito à minha mulher, que verdadeiramente merecia ser militante honorária do PS, ou melhor, merecia ser militante honorária da JS”, corrigiu, ouvindo risos e palmas da plateia.

 

Pedro Nuno Santos convicto de que relação com Marcelo vai ser ótima

 

O primeiro-ministro, António Costa (E), e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, durante o XXIV Congresso Nacional do Partido Socialista (PS), na Feira Internacional de Lisboa, 05 de janeiro de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, antecipou hoje que o seu relacionamento com o Presidente da República “vai ser ótimo” e afirmou que António Costa lhe deixa um legado com “muitos resultados”.

Em declarações aos jornalistas a saída do 24.º Congresso Nacional do PS, em Lisboa, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre como será o seu relacionamento com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Vai ser ótimo. Tenho muito respeito pelo senhor Presidente da República, tenho uma boa relação com o Presidente da República”, respondeu o líder do PS, que rejeitou que a sua relação com Marcelo Rebelo de Sousa não tenha começado bem.

Respondendo a uma jornalista que afirmou que foi Marcelo Rebelo de Sousa que quis a sua demissão em dezembro de 2022, Pedro Nuno Santos disse: “Queria? Nunca me disse isso. Não sabia, eu gosto muito do senhor Presidente da República”.

Nestas declarações, Pedro Nuno Santos afirmou que o dia de hoje “é emocionante” a nível pessoal e admitiu ter ficado emocionado com o discurso de António Costa na abertura do congresso, em que lhe desejou “do fundo do coração todas as felicidades do mundo”.

“Foi um belíssimo discurso do primeiro-ministro, para todos nós”, disse.

Já questionado se Costa lhe deixa um legado pesado, Pedro Nuno Santos respondeu: “Não, resultados, muitos resultados, resultados muito positivos”.

“E ainda com muita coisa para fazer, problemas por resolver”, disse.

Relativamente ao futuro político de António Costa, Pedro Nuno Santos pediu calma, e rejeitou comentar se conta com o primeiro-ministro para as eleições europeias, referindo que ainda só se está nas legislativas.

 

Com Agência Lusa.

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