PSD acusou Governo de não ter planeado regresso de emigrantes a Portugal durante as férias
Há emigrantes residentes em países onde não tiveram ainda acesso a vacinas ou então receberam vacinas que não estão autorizadas pela EMA, pelo que não dispõem de certificado digital válido em Portugal, não podendo ter acesso a diversos locais e serviços.
O PSD acusa o Governo de não ter sabido planear o “regresso de portugueses ao território nacional” em período de férias, por não ter “conseguido dar resposta” aos cidadãos sem acesso a vacinas reconhecidas pela EMA.
“Apesar de vacinados, [os cidadãos] terão de cumprir um conjunto de requisitos e ficar impedidos de acesso a determinados serviços, ficando claramente prejudicados, tendo em conta que, no país onde residem, não têm acesso às vacinas” autorizadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), lê-se num comunicado divulgado pelo partido há alguns dias.
Na nota, o PSD realça que as actuais normas do Governo fazem com que portugueses vacinados “não vão poder ter o certificado digital”, obrigando-os a “cumprir requisitos extra e com redobrada dificuldade de acesso a serviços”, dando “azo a uma aparente classificação em portugueses de primeira e outros portugueses de segunda”.
“O Governo tarda em apresentar soluções viáveis para o regresso de emigrantes portugueses a território nacional, tendo já passado boa parte do típico período de férias”, refere o PSD. À Lusa, a deputada do PSD Catarina Rocha Ferreira salienta que o que está em causa “não é a divergência do reconhecimento de vacinas para além das que hoje permitem o acesso ao certificado digital”, mas antes “como se preparou (ou não) o período típico de regresso de cidadãos portugueses e respectivos familiares a território nacional, especialmente os que residem em países fora da União Europeia (UE)”.
Relembrando as declarações da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, que em Junho salientou que “quem se vacinar vai poder viajar para Portugal sem fazer teste nem quarentena”, a deputada Catarina Rocha Ferreira realça que a afirmação cria um “claro incentivo aos emigrantes e luso-descendentes para passarem as suas férias em Portugal”.
“Contudo, os cidadãos portugueses e familiares que no país de residência não têm acesso às vacinas reconhecidas pela EMA, aquando do seu regresso não têm acesso a certificado digital. Claramente, trata-se de uma informação enganadora, que leva ao equívoco e prejudica gravemente estes cidadãos portugueses”, destacou a deputada.
Referindo-se assim às notícias segundo as quais o Governo se preparava para reconhecer a vacina chinesa da Sinovac e a vacina da AstraZeneca de fabrico indiano – ambas ainda sem o aval da EMA -, Catarina Rocha Ferreira perguntou porque é que esta decisão “não foi ponderada antes”. “Torna-se claro que, mais uma vez, o Governo português não soube planear, à custa dos emigrantes e luso-descendentes, que foram ignorados em todo este processo”, salienta.
Catarina Rocha Ferreira frisa ainda que se deve exigir ao Governo uma “posição clara e inequívoca sobre o que permite ter acesso ao certificado digital, e que o faça o mais depressa possível, já que milhares de emigrantes têm de saber como fazer com o seu regresso ao território nacional”.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, prometeu entretanto que será divulgada em breve informação sobre o reconhecimento de vacinas produzidas na Índia. “Muito em breve sairá informação da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Infarmed, que é o órgão regulador. Não me quero antecipar a essa decisão, mas perspectivamos que será com certeza uma decisão muito favorável relativamente a essa matéria”, disse António Lacerda Sales aos jornalistas.