Quando dois ratos lutam por migalhas no metro de Londres, há prémio de fotografia à espreita

“Luta na Estação”, de Sam Rowley, venceu o Lumix Award, votado pelo público, na competição Wildlife Photographer of the Year. Deitado no chão noites a fio, ele esperou por um momento vital.

 

 

 

A edição de 2020 do “maior concurso do mundo de fotografia da vida selvagem » já nos tinha dado um clássico instantâneo: a foto vencedora do Wildlife Photographer of the Year, do encontro extraordinário entre uma raposa e uma marmota, correu mundo.

 

 

Agora, outra competição incluída na iniciativa, o prémio Lumix votado pelo público, trouxe à ribalta outro momento singular: dois ratos em luta por comida no metro de Londres. O autor é o fotógrafo britânico Sam Rowley.

“A luta durou apenas uma fracção de segundo”, conta, e terminou assim que “um rato agarrou a migalha e cada um seguiu o seu caminho”.

“Tinha o sonho de conseguir um dia vencer esta competição”, diz Sam, citado pela organização, o britânico Museu de História Natural. O autor manifesta a sua alegria por ter vencido como uma fotografia “com que tantos se podem identificar” e que se “passa num ambiente tão quotidiano da cidade”. “Espero que mostre às pessoas o drama inesperado que se pode encontrar no mais familiar dos ambientes urbanos”, acrescenta.

Station Squabble, no seu título original, mostra até como num ambiente urbano por onde circulam diariamente cerca de dois milhões de pessoas, a “natureza sobrevive”.

Para captar a imagem, Sam Rowley “esperou pacientemente” durante cinco noites. A sua ideia era fotografar os ratos que habitualmente correm por ali e/ou espreitam, aguardando migalhas dos passageiros do metro londrino. Mas foi então que se deparou com a luta dos roedores e o resto é história e mais um caso do fotógrafo certo no momento certo.

A fotografia vencedora do LUMIX People’s Choice Award conseguiu a maioria dos votos de entre 25 imagens finalistas, seleccionadas pelo júri do Wildlife Photographer of the Year.

A imagem estará em exposição, juntamente com as outras vencedoras e em destaque da competição deste ano, no Museu de História Natural até 31 de Maio. “A fotografia do Sam dá-nos um vislumbre fascinante de como a vida selvagem funciona num ambiente dominado pelos humanos”, comentou o director do museu, Michael Dixon. “O comportamento do rato é moldado pela nossa rotina diária, pelo transporte que usámos e pela comida que deitámos fora.”

A fotografia dos ratinhos tem tudo para tornar-se viral, até em múltiplas variações meme, como a própria organização reconhece. “A imagem de Sam, de ratos a lutarem por comida”, comenta-se, “pode até ao princípio parecer matéria para os memes”, mas, sublinham, é bom lembrar que “a vida para estes pequenos animais é brutal”.

“Se eles precisam lutar por uma migalha”, diz Sam, conseguimos imaginar como “os túneis do metro são locais desesperantes para viver”, sendo que “estes ratos só conhecem o constante rugido dos comboios e a escuridão perpétua. A maioria nunca viu a luz do dia ou pôs as patas em erva”.

Um dos detalhes curiosos durante o processo de fotografar no metro, diz Sam, foi a descoberta de que a maioria das pessoas parece não incomodar-se com a presença dos roedores. “Isto surpreendeu-me bastante. Muitas pessoas confessaram-me gostar de observar os ratos a correrem de um lado para o outro”, uma animação em “plataformas que, em geral, são um tédio”.

 

Jornal Público.

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