Revolução com debates, “fados da liberdade” e “cabaré de fado”

A « Revolução dos Cravos » vai ser lembrada em Paris com uma « festa da liberdade », uma conferência sobre os desafios da democracia, um « cabaré de fado » e um concerto de « fados da liberdade », entre outras iniciativas.

 

Paris/25 de abril:

A delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian vai ser palco, na tarde de 25 de abril, de uma conferência intitulada « A União Europeia para além do ?status-quo’: o desafio democrático », na qual participam a ministra francesa dos Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau e a secretária de Estado portuguesa para os Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias.

Na apresentação da conferência, na página internet da delegação, lê-se que « a democracia está hoje no centro dos debates desde a refundação da União proposta pela França » e questionam-se « quais as perspetivas na Europa Central e do Sul sobre a reforma democrática da União ».

« No final do século XX, com a vaga democrática que se expandiu desde a ?revolução dos cravos’ em Portugal até à Europa Central e do Sul, a comunidade europeia foi identificada como um elemento essencial de consolidação de democracia. Hoje, é paradoxal que o futuro da União Europeia pareça condicionado pela crise que atravessam algumas das suas democracias », lê-se, ainda, no documento.

Integrado no ciclo de conferências « Debates Cruzados », mediados pelo antigo diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, Álvaro Vasconcelos, o evento vai contar, também, com a participação do investigador em Sciences Po, Jacques Rupnik e do antigo ministro e administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d’Oliveira Martins.

Também na quarta-feira, no barco Antipode, vai haver um concerto intitulado « Fados em Liberdade », organizado pela associação ?La Gauche Cactus’, com fados « antigos ou recentes ligados ao tema da liberdade ».

« Na história do fado, antes da ditadura houve fados muito militantes, anarquistas, comunistas e republicanos. No fado, sempre existiu uma tradição política. Durante a ditadura, a censura teve um papel e a ditadura instrumentalizou o fado, mas mesmo assim em noites de fado associativas e em certas letras, havia gente que não estava de acordo com a ditadura », afirmou Jean-Luc Gonneau, vice-presidente da associação.

A Academia de Fado de Vincennes, o espaço cultural Marbrerie e a loja de discos Beers & Records também estão a organizar um concerto de fado, na Marbrerie, na quarta-feira, « com a forma de um cabaré de fado », com comida portuguesa e stands de livros sobre o 25 de abril, desde obras de história à banda desenhada « Maria e Salazar », do francês Robin Walter.

« O cabaré de fado é uma mistura entre a casa de fado e o cabaré à francesa. Como era complicado fazer só um concerto – porque o 25 de abril é uma festa e as pessoas estão lá para falar e contar as suas histórias – as pessoas vão estar sentadas em mesas redondas e ouvir fado ao mesmo tempo », disse à Lusa Valérie do Carmo, presidente da Academia do Fado.

A 3 de maio, na Casa de Portugal -Residência André de Gouveia, as associações ?Convivium Lusophone’, ?Les amis du Lusofolie’s’ e ?Gaivota et Hirond’ailes’ vão celebrar o 60º aniversário das eleições presidenciais de 1958 num evento intitulado « Festa da Liberdade ».

No programa de homenagem ao General Humberto Delgado, a partir das 19horas (menos uma em Lisboa), está a projeção do filme ?Operação Outono’ (2012) de Bruno de Almeida, uma conversa com o neto do ?General sem medo’, Frederico Delgado e canções de intervenção.

« Era para ser no 25 de abril, só que não tínhamos sala. Mas é 25 de abril sempre. Quisemos aproveitar a vinda do neto e biógrafo do Humberto Delgado e são os 60 anos das eleições de 1958 – que foram a primeira derrocada contra o regime fascista. Organizo o 25 de abril desde os tempos em que tinha a livraria Lusophone e é a minha função dar coisas originais à comunidade », afirmou João Heitor, presidente das associações do ‘Convivium Lusophone’ e ‘Les amis du Lusofolie’s’.

Em Fontenay-sous-Bois, nos arredores de Paris, a « Revolução dos Cravos » vai ser comemorada entre sexta-feira e domingo, com um desfile anual pelas ruas da cidade até ao monumento dedicado ao 25 de abril, na sexta-feira à noite, um baile no sábado e um festival de folclore no domingo. Alfa/Lusa.

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