Segurança máxima em Biarritz, circulação na fronteira França/Espanha perturbada

Segurança máxima em Biarritz, circulação na fronteira França/Espanha perturbada

Todo o País Basco francês está desde quarta-feira ocupado por 13.200 polícias e gendarmes (correspondentes aos guardas da GNR portuguesa) e por um número não divulgado de forças especiais militares

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro

Treze mil e 200 polícias e gendarmes e um número não divulgado de militares estão mobilizados para assegurar a segurança da Cimeira do G7 no próximo fim de semana, na luxuosa estância balnear de Biarritz, onde até praias e estações de caminho de ferro foram fechadas. Segurança máxima estende-se a Hendaia e Irún, com a colaboração de forças especiais espanholas, prevendo-se fortes perturbações do tráfego automóvel na fronteira a partir desta sexta-feira

É uma mobilização nunca vista na França do pós-guerra, das forças especiais da polícia, da gendarmeria e das Forças Armadas. Nem durante os pontos mais altos da crise dos ‘coletes amarelos’, quando Paris e outras cidades caíram várias vezes num caos, em episódios de autêntica guerrilha urbana e num clima de pré-guerra civil, foram tomadas de medidas de segurança, concentradas numa só localidade, com tamanha dimensão.

As autoridades receiam incidentes e manifestações violentas contra a Cimeira do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo – Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), envolvendo nos contestatários uma amálgama de ‘coletes amarelos’, anarquistas extremistas franceses e internacionais do grupo Black Blocs, terroristas, e também esquerdistas e pacifistas de movimentos alternativos anticapitalistas e antiglobalização.

Este fim de semana, as praias de Biarritz estarão desertas <span class="creditofoto">Foto Regis Duvignau / Reuters</span>

Este fim de semana, as praias de Biarritz estarão desertas FOTO REGIS DUVIGNAU / REUTERS

Todo o País Basco francês está desde quarta-feira ocupado por 13.200 polícias e gendarmes (correspondentes aos guardas da GNR portuguesa) e por um número não divulgado de forças especiais militares que, estas, foram colocadas em alerta para intervir a qualquer momento, em caso de tumultos. Em termos militares, foram tomadas também medidas preventivas para evitar ataques aéreos e outros ligados ao terrorismo internacional.

AVISOS

As medidas de precaução são visíveis desde há alguns dias e há mesmo avisos nas estradas da região para a possibilidade de se verificarem problemas, designadamente na travessia da fronteira franco-espanhola e em todo o país basco francês.

Emigrantes portugueses contatados pelo Expresso, que atravessaram a fronteira de Hendaia/Irún na terça e na quarta-feira passadas, informaram que então já havia uma “enorme quantidade” de polícias franceses e espanhóis a controlarem todas as estradas da zona.

As autoridades francesas preveem problemas importantes de circulação nas estradas da região e na fronteira a partir de sexta-feira, na altura em que milhares de emigrantes portugueses deverão estar em viagem de regresso, depois das férias, para os seus países de acolhimento

A mobilização das forças especiais de segurança já levou, até esta quinta-feira, à detenção, na região, de pelo menos meia dúzia de suspeitos de ligação aos Black Blocs, segundo anunciaram as autoridades francesas.

O Governo e as prefeituras (Governos civis) preveem problemas importantes de circulação nas estradas da região nos dias 23, 24, 25 e 26 deste mês, na altura em que milhares de emigrantes portugueses deverão estar em viagem de regresso, depois das férias, para os seus países de acolhimento – França, Alemanha, Suíça, Luxemburgo e Bélgica, principalmente.

TOLERÂNCIA ZERO

O Governo francês promete respostas duras a eventuais incidentes violentos de manifestantes. “Não vamos tolerar violências, desde que se verifiquem responderemos imediatamente”, anunciou o ministro do Interior, Christophe Castaner. “Haverá uma resposta extremamente firme se os Black Blocs escolherem a violência”, acrescentou o secretário de Estado, Laurent Nunez.

As medidas de prevenção são extremas e gigantescas. As autoridades francesas até decidiram montar uma série de grandes “ginásios”, uns para albergar centenas de eventuais detidos e outros para dar dormida e estadia a cerca de setenta advogados de defesa (oficiosos ou outros) e a algumas dezenas de magistrados do Ministério Público.

Milhares de turistas e habitantes de Biarritz e da região estão a fugir da zona, onde até praias, estações de caminho de ferro e aeroporto foram fechados. Os principais hotéis também foram requisitados para instalar os participantes, as suas equipas e outros, na cimeira – jornalistas e ainda a ONU (António Guterres), a União Europeia e representantes dos países do G20, etc.

Article précédentParacanoagem/Mundiais. Norberto Mourão é vice-campeão do mundo e apura-se para Jogos Paralímpicos
Article suivantRemessas de emigrantes crescem 15,1% no primeiro semestre para 1.951 ME