Sondagem. Índice de aprovação de Vladimir Putin atinge níveis « sem precedentes »

Os índices de aprovação do presidente russo, Vladimir Putin, atingiram valores “sem precedentes” nos primeiros meses deste ano, segundo demonstra uma sondagem de uma organização independente russa. De acordo com a mesma pesquisa, divulgada na quinta-feira, Putin tem o “apoio absoluto” da população.

 

De acordo com a sondagem do Levada Center, o índice de aprovação do presidente russo “aumentou significativamente”. Oitenta e três por cento dos russos dizem aprovar as decisões de Vladimir Putin, um aumento face aos 71% registados em fevereiro e aos 69% reportados em janeiro.
A maioria dos russos também acredita que o país está a caminhar na direção certa, tendo sido mesmo observado um aumento da percentagem um mês após o início da ofensiva russa contra a Ucrânia. Segundo a sondagem, 69% dos russos defendem que a Rússia está a caminhar na direção certa – um aumento de 17 pontos percentuais face a fevereiro. Apenas 22% dos russos consideram que Moscovo está a caminhar na direção errada.
Setenta por cento dos russos aprovam também as atividades do Governo e cerca de um quarto (27%) não aprova. Em fevereiro, 55% dos russos davam sinais de aprovação e 42% reprovavam as atitudes do Kremlin.A sondagem do Levada Center, uma organização de pesquisa independente da Rússia, utilizou uma amostra de mais de 1600 pessoas em todo o país, com uma margem de erro não superior a 3,4 pontos percentuais.

Alguns observadores acreditam que as pesquisas russas não refletem com precisão a opinião pública, dado que muitas pessoas escolhem dar respostas que acreditam ser socialmente aceitáveis e favoráveis ao Governo.

“Putin defende-nos, senão seríamos comidos vivos”
Os resultados da sondagem do Levada Center podem ser também explicados pela desinformação. 
Com o acesso bloqueado às redes sociais e o apertado controlo sobre os meios de comunicação, muitos russos não veem a ofensiva russa à Ucrânia como uma guerra, mas sim como uma “operação militar especial” com o objetivo de “desnazificar” o país vizinho, tal como foi descrito por Putin.
O acesso ao Twitter e Facebook foi bloqueado na Rússia e a maioria dos meios de comunicação independentes foram silenciados pelo Kremlin. Meios de comunicação estrangeiros foram bloqueados e os media russos independentes foram obrigados a suspender a atividade, acusados de espalhar desinformação.

Para além disso, os órgãos de comunicação russos são aconselhados pelo Kremlin a não utilizar a expressão “invasão russa da Ucrânia” e a substituir por “operação militar especial”. Como forma de controlar a informação divulgada, o Kremlin promulgou uma lei para punir aqueles que divulguem “informações falsas” sobre a invasão da Ucrânia.As penas para o incumprimento das novas diretivas para jornalistas podem chegar aos 15 anos de prisão.

A Rússia leva ainda a cabo uma estratégia de repressão contra as vozes críticas, com milhares de manifestantes anti-guerra detidos nas últimas semanas.

Denis Volkov, diretor do Levada Center, explicou ao New York Times que os sentimentos iniciais de “choque e confusão” que muitos russos sentiram no início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, estão a ser substituídos pela crença de que a Rússia está sitiada e que o povo deve unir-se ao seu líder.

« O confronto com o Ocidente consolidou a opinião das pessoas », disse Volkov, acrescentando que alguns entrevistados admitiram que, embora geralmente não apoiassem Putin, agora era a hora de o fazer.

Tal como descreve Volkov, as pessoas acreditam que “estão todos contra nós” e que “Putin defende-nos, senão seríamos comidos vivos”.

Por Mariana Ribeiro Soares – RTP
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