O Sporting sagrou-se hoje campeão português de futebol pela 20.ª vez, três anos após a conquista do último título – ambos sob a liderança do treinador Rúben Amorim -, reforçando um palmarés marcado por dois grandes hiatos.
Após décadas de braço-de-ferro com o Benfica, o clube de Alvalade efetuou uma longa travessia no deserto entre 1982 e 2000, ficando 18 anos sem festejar a vitória no campeonato, que foi ainda mais prolongada depois do título alcançado em 2002, uma vez que só voltou a ter idêntico sucesso em 2021, 19 anos mais tarde.
O cetro conquistado hoje, graças à derrota do Benfica no terreno do Famalicão, por 2-0, permitiu aos ‘leões’ consolidarem o terceiro lugar na lista de vencedores da I Liga, apesar de ainda estarem distantes do FC Porto, o clube segundo mais vitorioso, com 30.
Com 38 títulos conquistados, o Benfica partiu para a edição de 2023/24 com o dobro do rival lisboeta, mantendo-se como recordista destacado da competição, que regista apenas duas ‘intromissões’ ao domínio dos três ‘grandes’: o Belenenses, em 1946, e o Boavista, em 2001.
Naquele ano, os boavisteiros impediram que o Sporting se sagrasse tricampeão, uma vez que tinha vencido os campeonatos concluídos em 2000 e 2002, proeza que os ‘verde e brancos’ conseguiram pela última vez na década de 50 do século XX.
Depois de ter ficado em ‘branco’ nas seis primeiras edições, divididas entre FC Porto e Benfica, o clube de Alvalade dominou os anos 40 e 50 do século passado, durante os quais conquistou 10 títulos (1941, 1944, 1947, 1948, 1949, 1951, 1952, 1953, 1954 e 1958).
O Sporting amealhou metade dos títulos que ostenta no seu museu durante aquela época dourada – na qual o rival lisboeta se resumiu à conquista de seis e o FC Porto de três -, tantos quantos alcançou nos 65 anos seguintes, que se explicam em grande parte pelos dois longos períodos de ‘jejum’.
A superioridade ‘leonina’ esbateu-se nas duas décadas seguintes, durante as quais arrebatou apenas quatro títulos (1962, 1966, 1970 e 1974), contra 14 do Benfica, mas a retoma pareceu surgir nos arranque dos anos 80, ao sagrar-se campeão em 1980 e 1982.
Naquela altura, nem nos piores pesadelos os adeptos sportinguistas sonhariam que só voltariam a festejar 18 anos mais tarde, em 2000, um período de seca que correspondeu à ascensão do FC Porto, vencedor de 11 títulos, incluindo o inédito ‘penta’, enquanto o Benfica alcançou seis.
O cenário repetiu-se no início do século XXI, com o Sporting a conquistar dois cetros em três possíveis, em 2000 e 2002, anunciando o fim da ‘recessão’ em Alvalade, mas esse anúncio não se concretizou e os ‘leões’ viveram um ‘jejum’ ainda mais prolongado, de 19 anos, que terminou em 2021, em plena pandemia de covid-19.