TAP pode precisar de €1,2 mil milhões. Insolvência está mesmo sobre a mesa?

Ajuda pública. Empresa espera que apoio do Estado chegue em junho. Nervosismo dos fornecedores aumenta com espetro de insolvência. Emagrecimento é inevitável. TAP pode precisar de €1,2 mil milhões

A TAP, liderada por Antonoaldo Neves, espera, e desespera, pela chegada do apoio público para fazer face à crise provocada pela pandemia

por ANABELA CAMPOS

ATAP é cada vez mais um caso isolado em matéria de auxílios de Estado na Europa. Gigantes da aviação como a Air France e a Lufhansa já têm planos de milhares de milhões aprovados ou à espera de luz verde de Bruxelas, mas a transportadora portuguesa está ainda a dar os primeiros passos. Mais de dois meses após ter sido anunciado o estado de emergência em Portugal, e a viver uma situação de enorme fragilidade, a companhia continua à espera de saber qual será o plano de resgaste que lhe será aplicado. A cada dia que passa a situa­ção financeira agrava-se. Junho será um mês chave — é apontado pela gestão como o mês limite para que o apoio do Estado chegue. A ajuda pública é fundamental para assegurar a sustentabilidade e operacionalidade, admitem fontes da transportadora, embora garantam que a empresa ainda tem caixa para assegurar a sobrevivência.

Tal como as demais empresas de aviação, a TAP aguarda medidas específicas de apoio ao sector, mas nada saiu ainda da gaveta. A juntar a este cenário há uma crispação pública entre o Estado e os acionistas privados, David Neeleman e Humberto Pedrosa, protagonizada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que tem contribuído para arrastar o processo. Depois da ameaça de nacio­nalização, um novo cenário saltou para cima da mesa — o da insolvência. Caíram como uma bomba as declarações de Pedro Nuno Santos esta semana no Parlamento: o Estado vai negociar com os acionistas privados sem excluir nenhum cenário, incluindo a insolvência. O aviso ficou dado. E causou espanto, pois ainda não tinha sido apontado como hipótese.

Mas este cenário estará mesmo em cima da mesa? Muitas questões se levantariam se fosse este o caminho a seguir pelo Governo, nomeadamente face aos obrigacionistas. A TAP tem emissões de dívida no montante de €570 milhões — €200 milhões no retalho e €370 milhões nos institucionais — e a insolvência deixá-los-ia numa situação de enorme fragilidade e seria um tiro no pé na reputação do Estado português. Um dia depois das declarações do ministro as obrigações de retalho da TAP estiveram em queda.

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