Festival d´Avignon termina hoje com « Terminal (O Estado do Mundo) » na programação
O 78.º Festival d’Avignon encerra hoje com uma programação que inclui « Terminal (O Estado do Mundo) », de Inês Barahona e Miguel Fragata, entrando em contagem decrescente para a edição de 2025, que tem a língua árabe por convidada.
Dirigido pelo encenador e dramaturgo português Tiago Rodrigues, o Festival d’Avignon reserva o último dia deste ano para as derradeiras representações de peças como « A Gaivota », de Tchekhov, pela encenadora de origem peruana Chela de Ferrari, “Elizabeth Costello. Sept leçons et cinq contes moraux”, pelo polaco Krzysztof Warlikowski, a partir da obra do Nobel da Literatura J.M. Coetzee, e « Léviathan », da atriz e dramaturga francesa Lorraine de Sagazan, uma peça que « questiona o sistema judicial, pensa nas suas alternativas e imagina diferentes rituais simbólicos ».
O coreógrafo francês Boris Charmatz, atual diretor da companhia Tanztheater Wuppertal, fundada por Pina Bausch (1940-2009), apresentará hoje, por quatro vezes, « Forever – Immersion dans ‘Café Müller’ de Pina Bausch”, a sua revisitação de uma das obras-chave da coreógrafa alemã, enquanto a cantora Sílvia Pérez Cruz faz do seu mais recente álbum, « Toda la vida, un día », o espetáculo de encerramento do festival de teatro, este ano dedicado à língua espanhola.
« Terminal (O Estado do Mundo) » estreou-se no passado dia 04, no Festival de Almada, antes de rumar a Avigon, onde esteve em cena ao longo da última semana.
Com texto de Inês Barahona e encenação de Miguel Fragata – a dupla da companhia Formiga Atómica, que celebra este ano o 10.º aniversário -, a peça reúne cinco personagens num terminal, « espaço confinado (mas aberto) » que serve de metáfora a uma reflexão « sobre o planeta que habitamos e a relação que mantemos com ele, na iminência de um ponto de não-retorno climático que poderá levar à extinção da nossa espécie ». As histórias das personagens, segunda a sinopse da obra, revelam-se « portas entreabertas para um novo destino – uma nova oportunidade – para a Humanidade ».
« Terminal », a peça, foi precedida de « um aturado trabalho de campo que cobriu o território continental português e os Açores, mais dois locais em França », para levantamento das preocupações centrais da peça. A produção reúne os teatros nacionais D. Maria II e S. João, o Teatro Viriato, em Viseu, as associações ACERT, de Tondela, e Lavrar o Mar, de Aljezur, o Cine-Teatro S. Pedro, em Alcanena, o Teatro Virgínia, em Torres Novas, a RTP, o Théâtre du Point du Jour, em Lyon, e o Festival d’Avignon.
à interpretação de « Terminal (O Estado do Mundo) » está a cargo de Anabela Almeida, Vasco Barroso, Miguel Fragata, Carla Galvão e dos músicos dos Clã Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves.
A próxima edição do Festival d’Avignon, em 2025, terá a língua árabe por convidada e, por « artista cúmplice », a coreógrafa cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas, como Tiago Rodrigues anunciou na passada segunda-feira.
Marlene Monteiro Freitas, Leão de Prata de carreira da Bienal de Dança de Veneza 2018, abrirá o palco principal do certame – a Corte de Honra do Palácio dos Papas -, em julho de 2025, com a estreia mundial de uma nova obra, segundo o anúncio feito por Tiago Rodrigues, a seis dias do encerramonto desta edição.
Outro nome então anunciado para 2025 foi o do encenador suíço Milo Rau, que levará a Avignon um espetáculo itinerante, no âmbito do projeto Sala Comum (Volksstück, sala comunal, do povo), em parceria com o Festival de Viena (Wiener Festwochen).
A homenagem à língua árabe será feita em parceria com o Instituto do Mundo Árabe.
A 78.ª edição do Festival d’Avignon, a segunda com Tiago Rodrigues como diretor artístico, teve início no passado dia 29 de junho.
Alfa/ com Lusa