Marcelo diz esperar que funeral de Odair Moniz decorra em « ambiente de serenidade »
O Presidente da República disse esperar que o funeral do homem baleado na segunda-feira pela polícia decorra num “ambiente de serenidade”, salientando não ter dúvidas que as instituições vão funcionar na investigação do caso.
Em declarações aos jornalistas durante a noite junto ao Teatro da Trindade, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por as manifestações realizadas no sábado – uma convocada pelo movimento Vida Justa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, outra marcada pelo Chega “em defesa da polícia” – tenham decorrido “com serenidade” e sem “nenhum problema”.
Assim, acrescentou, o funeral de Odair Moniz também deverá decorrer num “ambiente de serenidade”.
Questionado se irá estar presente no funeral, hoje à tarde, na Buraca, Amadora, o chefe de Estado disse não querer se “intrometer naquilo que é um momento importante da vida daquela família”.
Relativamente à investigação judicial ao caso que está a decorrer, o Presidente da República repetiu que “obedece a regras, a princípios”.
“Não tenho dúvidas nenhumas que as instituições irão funcionar como devem funcionar”, salientou.
O funeral de Odair Moniz, baleado pela polícia na segunda-feira, na Amadora, realiza-se hoje à tarde na Buraca, ao fim de quase uma semana de desacatos na Área Metropolitana de Lisboa e de duas manifestações na capital.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, também na Amadora, no distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde esse dia, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, contabilizando-se ainda sete feridos, um dos quais com gravidade.
As duas manifestações realizadas no sábado, convocadas pelo movimento Vida Justa e pelo Chega, decorreram de forma “pacífica, em serenidade e com civismo”, segundo a PSP.
Alfa/ com Lusa