Agostinho Lopes: “Vamos importar energia nuclear francesa”
Dirigente histórico dos comunistas portugueses, Agostinho Lopes, engenheiro químico de formação, deputado durante 24 anos e membro do comité central do PCP deu uma longa entrevista ao jornal Público na qual aborda as questões da energia em Portugal.
Nesta entrevista de fundo previne designadamente que o recente acordo de Portugal, Espanha e França para o aumento da capacidade das ligações eléctricas entre a Península Ibérica e o resto da Europa vai servir os interesses gauleses.
“Vamos importar energia nuclear francesa”, diz.
Pequeno extrato da entrevista:
« Vamos exportar energia subsidiada pelos portugueses e vamos importar energia nuclear francesa provavelmente para fazer as cascatas do Tâmega para depois se fazer renovável, uma falsificação de energia renovável.
Acusa o Governo de criar uma situação para importarmos energia nuclear francesa?
Sobretudo sem nenhum estudo feito sobre as possibilidades da nossa exportação de renováveis. Devem ser criadas interligações, mas transformar isso na solução para termos energia mais barata é, mais uma vez, estar a vender a fraude daquilo que levou à privatização e segmentação dos mercados de electricidade no nosso país com as consequências que hoje adivinhamos.
António Costa não disse que era uma oportunidade de Portugal exportar energia excedentária para o resto da Europa?
O nosso país continua a ter gravíssimas carências energéticas, continuamos a ter um défice energético que, apesar deste movimento das renováveis, teve uma ligeira redução nestes últimos anos, e não temos grandes perspectivas de nos transformar em grandes exportadores de energia. É uma ilusão e não está feito sequer nenhum estudo.
Para os três países há um estudo…
Sim, de possibilidades. A rede de energia é uma das novidades deste sistema criado nos processos de privatização, liberalização e desmembramento da EDP. Criou-se esta coisa espantosa – serem os consumidores a pagarem os investimentos da rede -, a questão é saber se pagamos uma rede que corresponde aos interesses nacionais ou uma rede que interessa à EDP e à REN. É bastante diferente do nosso ponto de vista. »
Leia a entrevista em publico.pt