Estado português já ofereceu 4 mil passaportes. O objetivo do Governo é facilitar a saída de portugueses da Venezuela. Ensino de português lá e criação de emprego cá são as prioridades
O objetivo do Governo é facilitar a saída de portugueses da Venezuela. Ensino de português lá e criação de emprego cá são as prioridades
Alfa/ Expresso – por MIGUEL SANTOS CARRAPATOSO
Paulo Rangel chamou-lhe “diplomacia de pantufas” e “política de veludo”. José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades, responde com outra provocação: “Onde é que esteve Paulo Rangel até agora?” Nos últimos anos, em particular desde 2016, o Governo garante ter intensificado os esforços no apoio à comunidade portuguesa na Venezuela e aos portugueses e lusodescendentes que querem regressar a Portugal. Deixou de cobrar qualquer valor pela emissão de passaportes, reforçou a rede consular e criou ofertas de emprego específicas para portugueses que residam na Venezuela e queiram começar uma nova vida em Portugal, por exemplo. Não se trata do plano de contingência pensado para o cenário mais extremo. Esse existe, mas tem carácter reservado, porque importa evitar fugas de informação como aquela que comprometeu a missão dos oito agentes das Operações Especiais da PSP (GOI), impedidos de entrar em Caracas no início de fevereiro. É antes um esforço para mitigar os efeitos de um eventual e acelerado regresso de milhares de cidadãos portugueses e lusodescendentes a Portugal — estima-se que existam 300 mil na Venezuela.
Entre 2015 e 2018, chegaram a Portugal 10 mil pessoas vindas da Venezuela. Só a região da Madeira acolheu 6 mil. O Governo português acredita que chegarão mais e quer facilitar o regresso de milhares antes que a crise se torne ainda mais dramática. A não cobrança de atos consulares insere-se nessa estratégia: desde outubro de 2018, o Estado português deixou de cobrar qualquer valor pela emissão de passaportes, cartões de cidadão ou registos de nacionalidade na Venezuela. Foi o único país da União Europeia a fazê-lo, e só neste período já foram emitidos 4505 novos passaportes e 4076 cartões de cidadão. Isto depois de ter decidido, em 2016, congelar os preços dos atos consulares. No conjunto destes três anos, já foram emitidos mais de 60 mil passaportes.
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