Villas-Boas: «Se não fosse eleito, o FC Porto seria vendido a um fundo americano» – L’Équipe

André Villas-Boas falou da situação financeira «limite» do clube em entrevista ao jornal francês L'Équipe.

O presidente dos dragões abordou os primeiros meses à frente do clube e lembrou que a situação financeira estava no limite. « Se não tivéssemos sido eleitos, penso que o clube teria sido vendido a um fundo americano ».

 

A pergunta que toda a gente se faz foi colocada pelo jornalista do L’Équipe a André Villas-Boas: como é possível um clube que fez tantas vendas milionárias e que ganhou tanto dinheiro na Champions ter chegado a esta situação financeira terrível?

«Muitos jogadores saíram a custo zero, muito dinheiro foi pago a intermediários», respondeu Villas-Boas.

«Enquanto no Benfica e no Sporting 40 por cento do valor das vendas ficava nos cofres dos clubes, no FC Porto eram apenas 10 por cento que entravam nos cofres, devido a vários acordos.»

«A situação era realmente limite. Se não tivéssemos sido eleitos, penso que o clube teria sido vendido para um fundo americano num ano, no máximo dois anos», revelou.

«Assim que a campanha foi lançada, contactámos bancos internacionais para refinanciar a dívida do clube. Conseguimos angariar 115 milhões de euros a 5,62 por cento ao ano, quando a dívida do FC Porto estava até então indexada entre os 8 e os 13 por cento ao ano. Conseguimos gerar 15 milhões de imediato para pagar os salários dos funcionários e jogadores.»

A primeira preocupação que teve, aliás, foi pagar salários. Porque não havia dinheiro para isso.

«Quando se tem, por exemplo, de fazer com que os funcionários que ganham mil euros por mês esperem que a sociedade recupere o suficiente para lhes pagar, é doloroso assumir essa responsabilidade. Aqueles dias foram difíceis.»

A pior fase, garantiu, já parece ultrapassada, embora ainda haja muito caminho para percorrer. No plano financeiro e no plano desportivo.

«Já estamos com um aumento de 30 a 40 por cento nas nossas receitas comerciais. Mudámos o diretor desportivo, mudámos o diretor de formação, mudámos o diretor de desempenho, o diretor de futebol feminino, de scouting», lembrou.

 

A instabilidade técnica do FC Porto foi tema de conversa na entrevista de André Villas-Boas ao L’Équipe.

«Vítor Bruno foi a escolha unânime do clube, tem a nossa confiança para ajudar os jogadores a progredir e a atingir os objetivos traçados. As exigências dos adeptos do FC Porto são máximas. Foi e sempre será assim, os nossos sócios estão agarrados à mística e cultura do seu clube. Vitor Bruno conhece muito bem o clube, outros antes dele tiveram uma grande carreira internacional depois de terem passado pelo FC Porto, como o Luís Castro, o Paulo Fonseca, o Nuno Espírito Santo ou o Vitor Pereira», referiu.

«Com Sérgio Conceição jogávamos um jogo mais intenso, agressivo, direto, o Vitor Bruno traz um jogo mais de posse, de controlo. O que não é negociável para os sócios, e que na realidade é uma marca  do FC Porto, é a nossa combatividade, a nossa agressividade.»

 

André Villas-Boas diz que o inglês era um gentleman que lhe abriu as portas do futebol, mas os momentos verdadeiramente mais felizes foram vividos ao lado do Special One:

«Recordo tudo em torno de José Mourinho. As viagens, a preparação, o seu conhecimento de jogo, a forma de se relacionar com o seu staff, a pressão que exerce sobre si próprio todos os dias para ser sempre o melhor. Com o Robson é o início de tudo. Mas não a este nível de intensidade.»

Villas-Boas sublinha que «Robson era um cavalheiro», que lhe abriu «as portas do FC Porto, dos treinos, dos cursos de treinador».

«Mas tudo o que está relacionado com futebol, com conhecimento do futebol, com tática, com preparação dos treinos aconteceu com José Mourinho. Esses foram verdadeiramente os melhores momentos», acrescentou.

Questionado sobre que influência José Mourinho ainda exerce sobre o futebol português, André Villas-Boas garantiu que «ele é o modelo para toda a nova geração de treinadores portugueses», mas acrescentou que «o futebol muda» e que hoje há novas referências.

«Na marcação individual, por exemplo, ou no 3-4-3 praticado por Ruben Amorim. As escolas de treinadores alemãs ou espanholas são muito fortes e inovadoras.»

 

Entrevista Jornal L’équipe.

Rádio Alfa e MaisFutebol.

 

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