O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, abordou hoje a passagem do treinador Julen Lopetegui, pelo clube, lembrando, em tom irónico, que não foi o único « a acreditar » no técnico espanhol, que foi recentemente despedido do Real Madrid.
Na apresentação do livro « Até ao Mar Azul – As Páginas do Presidente », que compila as crónicas mensais de sua autoria na revista Dragões, nos últimos cinco anos, o dirigente portista arrancou algumas gargalhadas entre os presentes, ao lembrar a passagem do treinador basco pelo FC Porto, entre 2014 e 2015, e os textos que escreveu a elogiá-lo.
« Tinha a esperança que íamos realmente virar a página, e esteve quase, porque, se não formos incoerentes, o que se passava também dificultou a isso. Mas não fui só eu a acreditar [em Lopetegui], até a seleção de Espanha e o Real de Madrid acreditaram, e são mais espertos que eu… Pelo menos fui o pioneiro, não me sinto isolado [risos] », recordou, bem disposto, Pinto da Costa.
Antes, e na alusão às crónicas que agora estão compiladas num livro, que tem prefácio de Matos Fernandes, presidente da Assembleia Geral do FC Porto, o líder dos ‘dragões’, garantiu que os textos são, apenas, as suas « opiniões sobre os acontecimentos da altura ».
« Sempre que escrevo uma crónica, é aquilo que sinto e penso, não é para agradar a ninguém. Se alguém sentiu melindrado ou ofendido por qualquer coisa que eu tenha escrito, podem querer que não foi essa a intenção », esclareceu o dirigente.
Nesses textos sobre os acontecimentos dos últimos cinco anos no emblema ‘azul e branco’, Pinto da Costa deu especial atenção àquele em que relatou a conquista do campeonato nacional de futebol, na última temporada.
« Foram cinco anos em que só ganhamos um campeonato nacional de futebol, mas que valeu por cinco… Não é preciso dizer mais nada » disse, novamente, a sorrir Pinto da Costa.
O dirigente lembrou o « mar azul que inundou a cidade » nesse dia da conquista do título de 2017/18, vincando que « houve muita crença e vontade de lutar para interverter a situação », focando essa conquista, em especial, no técnico Sérgio Conceição, que também esteve presente na apresentação do livro.
« Escrevi [sobre a contratação do Sérgio Conceição] com uma convicção que não me arrependo. E hoje, todos, sem exceção, dão essa decisão como uma das melhores em prol do FC Porto », analisou Pinto da Costa.
O presidente do FC Porto desvendou, ainda, alguns pormenores sobre a contratação do atual técnico da equipa, no arranque da época passada.
« Foi num dia especial porque fazia 30 anos que tínhamos ganhado o primeiro título europeu, em Viena. Depois de almoçar com Luciano D’Onofrio, um amigo em comum, falei com o Sérgio Conceição à tarde e fiquei com a certeza que ia ultrapassar as dificuldades, com o Nantes, para vir para o FC Porto. Já não fui a Madrid falar com outro treinador », relembrou Pinto da Costa.
Apesar do maior mediatismo estar centrado nas histórias do futebol, Pinto da Costa lembrou que, no seu livro estão vertidas « muitas vitorias fantásticas do clube, com títulos no bilhar, andebol, basquetebol, hóquei patins, e do desporto adaptado », sublinhando, também, a « inauguração do museu como um dos momentos de maior felicidade ».
O presidente do FC Porto também se emocionou a recordar algumas crónicas que disse ter escrito « com o coração a sangrar », devido à morte dos protagonistas.
« As páginas mais difíceis foi as que tive de evocar a carta que o D. António [bispo do Porto] me escreveu, e uma outra do dr. Almeida Santos, que também foi muito importante », recordou com a voz embargada.
Pinto da Costa finalizou dizendo que o livro é feito de « páginas despretensiosas », e mostrando vontade de « escrever mais um ano de crónicas, festejando coisas bonitas ».
Alfa/Lusa.