António rejeita críticas de antissemitismo. Cartoon de António acusado de antissemitismo. NYTimes pede desculpas por o ter publicado. Expresso divulga comunicado sobre a polémica
“É uma crítica à política de Israel, que tem uma conduta criminosa na Palestina, ao arrepio da ONU, e não aos judeus”, argumenta António. A Casa Branca e várias associações judaicas norte-americanas criticaram o cartoon, acusando-o de ser antissemita. O “The New York Times” pediu desculpas publicamente
António, o premiado cartunista que assina o cartoon do Expresso, rejeita as críticas de antissemitismo feitas pelos leitores norte-americanos a um trabalho seu publicado a 19 de abril neste semanário e na semana passada replicado na edição internacional do « The New York Times« .
« A leitura que fiz é a de que a política de Benjamin Netanyahu, quer pela aproximação de eleições, quer por estar protegido por Donald Trump, que mudou a embaixada para Jerusalém reconhecendo a cidade como capital, e que permitiu primeiro a anexação dos Montes Golã e depois da Cisjordânia e mais anexações na Faixa de Gaza, o que significa um enterro do Acordo de Oslo, representa um aumento da violência verbal, física e política. É uma política cega que ignora os interesses dos palestinianos. E Donald Trump é um cego que vai atrás. A estrela de David [símbolo judaico] é um auxiliar de identificação de uma figura [Netanyahu] que não é muito conhecida em Portugal », explicou o cartunista ao Expresso.
O cartoon em causa mostra Donald Trump cego a ser guiado por um cão guia com a cara de Benjamin Netanyahu e uma trela com a estrela de David. Tanto a Casa Branca como várias associações judaicas norte-americanas criticaram o cartoon, acusando-o de ser antissemita, obrigando o « The New York Times » a pedir desculpas publicamente. « É uma crítica à política de Israel, que tem uma conduta criminosa na Palestina, ao arrepio da ONU, e não aos judeus ». explica o colaborador do Expresso.
UM COMUNICADO DO EXPRESSO
Esclarecimento sobre o cartoon de António
Posição da direção do Expresso face às questões levantadas nacional e internacionalmente pela publicação de um cartoon de António na edição de dia 19 de abril do Expresso
Sobre as questões levantadas em torno do cartoon do colunista António publicado na edição de dia 19 de abril de 2019, o Expresso esclarece que:
1. O Expresso sempre defendeu a liberdade de expressão e de opinião, princípios dos quais não abdicamos. Ao longos de 46 anos sempre fomos independentes dos poderes políticos, económicos ou religiosos.
2. O cartoon de António é um espaço de opinião onde, neste caso, o autor reflete a sua visão da política externa dos Estados Unidos. Entendemos que o mesmo não inclui, nem propaga, qualquer mensagem antissemita.
3. Relembramos que António é um colaborador do Expresso sendo um cartoonista galardoado internacionalmente com uma vasta obra publicada.
4. O Expresso jamais permitirá a publicação de qualquer mensagem antirreligiosa, seja qual for a religião.
5. A membros da comunidade judaica e aqueles que se possam ter sentido ofendidos e face à polémica gerada, o Expresso esclarece que nunca foi intenção retratar Israel ou a religião judaica e o seus fiéis de forma menos digna.