O porta-voz dos motoristas de matérias perigosas afirmou hoje que os trabalhadores não vão cumprir serviços mínimos nem a requisição civil
« Em solidariedade para com os seus colegas (que foram notificados), ninguém vai sair daqui hoje », assegurou Pedro Pardal Henriques esta manhã em Aveiras de Cima, Lisboa. « Ninguém vai cumprir nem serviços mínimos nem requisição civil, não vão fazer absolutamente nada », sublinhou o também assessor jurídico Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).
O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, disse na terça-feira que 14 trabalhadores não cumpriram a requisição civil decretada pelo Governo na greve dos motoristas.
« Foi-nos comunicado [pelas empresas] o não cumprimento da requisição civil por parte de 14 trabalhadores », disse o ministro do Ambiente em conferência de imprensa de balanço do segundo dia da greve dos motoristas, no Ministério do Ambiente, em Lisboa.
O ministro informou também que a 11 desses trabalhadores « já foi feita a devida notificação », referindo que primeiro é feita a « notificação do incumprimento e depois é que há a notificação de estarem a cometer um crime de desobediência ».
Em relação aos restantes três trabalhadores, estão ainda « por encontrar e notificar », acrescentou João Pedro Matos Fernandes.
« As pessoas que aqui estão ficaram extremamente chateadas com o anúncio do senhor ministro », disse Pardal Henriques, acrescentando que os motoristas « não são criminosos ».
« Estas pessoas não são criminosas, estas pessoas que aqui estão são homens de guerra », afirmou, junto às instalações da Companhia Logística de Combustíveis (CLC).
« O que eles [motoristas] disseram hoje é que se vai um motorista preso, então o senhor ministro tem que trazer grandes autocarros para levar os 800 motoristas do país », referiu.
O ministro do Ambiente adiantou na quarta-feira que dos trabalhadores que não cumpriram a requisição civil « foram formalmente comunicadas à GNR as seguintes falhas: três do distrito de Faro, quatro do distrito de Lisboa e três do distrito de Setúbal ».
De acordo com o ministro, « todos alegaram baixa médica » e em declarações à CMTV, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que « os atestados médicos vão ser naturalmente investigados ».
Já à PSP « foram formalizadas quatro queixas, uma no distrito de Setúbal » e « as outras três estão ainda por localizar ».
Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem hoje o terceiro dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.
A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.