Sim, referimo-nos a Fernando António Nogueira Pessoa, considerado um dos maiores poetas portugueses e do mundo.
Nasce em 1888, na capital portuguesa, tendo contudo vivido nove anos da sua infância na colónia britânica da África do Sul, Durban. No seu quinto aniversário, o seu pai morre. Neste mesmo período, Pessoa revela-se tímido, mas genial, imaginativo e brilhante. Aos 17 anos, regressa a terras portuguesas para ingressar no Curso Superior de Letras, que abandona dois anos depois, sem realizar qualquer exame. Ansiava apreender o mundo sozinho – que nem um autêntico autodidata – e atira-se à filosofia, religião, sociologia e literatura.
Em 1912, publica a sua primeira crítica literária, em forma de ensaio; um ano mais tarde, surge o primeiro texto de prosa (excerto incluído atualmente no Livro do Desassossego); e em 1914, os primeiros poemas de adulto.
Fernando Pessoa torna-se um dos vultos do movimento modernista português, aliando-se assim a nomes como Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. Porém, mais do que integrar, Pessoa antevia, criava, impulsionava e instigava, assumindo-se como um vanguardista genuíno. Atentemos no “Intersecionismo” e no “Sensacionismo”, ambos pensados pelo poeta. O primeiro, representado ao expoente em “Chuva Oblíqua”, caracteriza-se pela interseção no poema de vários planos simultâneos de realidade: o interior e o exterior; o objetivo e o subjetivo; o sonho e a realidade; o presente e o passado; o eu e o outro. Por sua vez, o “Sensacionismo” – traduzido no heterónimo Álvaro de Campos, que legitima Alberto Caeiro como o mestre do movimento sensacionista – elege a sensação como a única possibilidade de realidade.
Os últimos quinze anos de vida do poeta são passados na Rua Coelho da Rocha, nº16, que se transformou posteriormente na Casa Fernando Pessoa. Na arca do poeta, onde se encontrava o seu espólio, entre o português, inglês e francês, constavam mais de 25 mil folhas com poesia, peças de teatro, contos, filosofia, crítica literária, traduções, teoria linguística, textos políticos, horóscopos e outros textos.
Porém, a genialidade de Fernando Pessoa ultrapassa a fronteira das palavras para se instaurar também no próprio processo criativo. O fenómeno da heteronímia irrompe ainda na sua infância, atribuindo aos “outros eus” dados biográficos, traços físicos, personalidades, ideologias políticas, crenças religiosas e universos literários muito particulares.
Em português, destacam-se os três heterónimos Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos; e o semi-heterónimo, Bernardo Soares. Na língua anglófona, surge a poesia e prosa de Alexander Search e Charles Robert Anon. Em francês, apresenta-nos Jean Seul, um ensaísta isolado. Contudo, a linhagem heteronímica engloba ainda tradutores, escritores de contos, um crítico literário inglês, um astrólogo, um filósofo, um frade, um nobre suicida e uma mulher corcunda, Maria José.
Os investigadores da obra pessoana continuam a dedicar-se à exploração e contínua descoberta de um universo literário imenso. Contudo — e enquanto não se desvelam todos os textos do grande poeta português —, os curiosos e os amantes do acervo de Fernando Pessoa poderão aceder aqui a dezassete obras:
Ou então clicar no título da obra que quer ler em baixo.
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