
O Governo criou um grupo de trabalho para acompanhar o apagão que afeta Portugal de Norte a Sul e outros países europeus e aponta que o problema “terá tido origem” fora de Portugal.
Redes Energéticas Nacionais disse hoje que é ainda impossível prever quando é que o fornecimento de eletricidade estará normalizado e alertou para a complexidade da operação de restabelecimento do serviço, que será feito gradualmente.
“Neste momento é ainda impossível prever quando estará normalizada a situação”, avançou a REN, em comunicado, acrescentando que a operação de restabelecimento do serviço se reveste “de dificuldade acrescida por ser feita a partir de uma situação de vazio, isto é, sem o auxílio de energia proveniente de fontes de produção, ou de Espanha, onde também decorre uma complexa operação de restabelecimento do serviço”.
Segundo a gestora do sistema elétrico nacional, “a reernegização do sistema elétrico nacional será feita gradualmente, com o acoplamento faseado dos diversos grupos eletroprodutores”.
A REN garantiu que tem todos os seus recursos empenhados na recuperação da rede de abastecimento de energia a todo o país, em colaboração com as empresas produtoras e de distribuição e com a Rede Elétrica de Espanha.
Os dois países ibéricos estão a ser afetados por um corte maciço no fornecimento de energia, que se fez sentir em Portugal a partir das 11:33.
De acordo com a REN, “as autoridades e as empresas responsáveis pelo transporte de eletricidade de ambos os lados da fronteira continuam entretanto a analisar as causas do incidente desta manhã”.
O serviço do Metropolitano de Lisboa foi hoje suspenso na sequência do corte de abastecimento de eletricidade que atingiu a Península Ibérica, com o fecho de várias estações ao final da manhã, constatou a Lusa.
Na estação do Areeiro, pelas 12:30, as luzes verdes e vermelhas dos pórticos de entrada e saída continuavam a funcionar e algumas pessoas entravam, ao engano.
« O metro não está a circular », dizia o único segurança presente na estação, que nada sabia sobre se noutras paragens havia passageiros retidos. « Aqui não houve », relatou à Lusa, tentando apurar mais informações através do telefone de comunicação interna, que, porém, não estava a funcionar.
« Já encostei as portas das outras saídas da estação, mas não as posso fechar, que a chave é codificada e depois, sem eletricidade, não conseguimos abrir », explicou.
Também a estação do Colégio Militar tinha sido evacuada ao final da manhã, com grades nas entradas e funcionários a avisar quem tentasse entrar.
Em vários pontos da cidade são visíveis filas nas estações de autocarro, mas também a Carris, empresa que presta serviço rodoviário de transporte público urbano de superfície de passageiros no município de Lisboa, ficou com problemas nas comunicações desde a altura do apagão.
Um trabalhador da empresa, gerida pela câmara municipal da capital, disse à Lusa que a partir do momento da falha de energia « há muita dificuldade em estabelecer contactos », lembrando até que a empresa « por vezes comunica através de Whatsapp, mas hoje não emitiu qualquer alerta ».
O trabalhador da Carris revelou ainda que o controlo de tráfego « está sem comunicações », pelo que os autocarros ainda circulam, dada a dificuldade em entrar em contacto com os motoristas, enquanto os elétricos já estão parados.
Entretanto, no terminal de autocarros do Campo Grande, às 14:15, estavam centenas de pessoas, inclusive jovens de mochila às costas vindos da Cidade Universitária, que aguardavam por transportes no local.
Por sua vez, cada paragem de autocarros no Campo Grande tinha filas de pessoas que aguardavam por conseguir apanhar um autocarro, mas também táxis e TVDE (transporte em carros descaracterizados a partir de plataforma eletrónica).
As passadeiras no local estavam também cheias de pessoas, que não deixavam os carros circular devido à ausência de sinalização da estrada.
O trânsito tem-se acentuado na cidade ao longo das últimas horas, como constatou a Lusa em diferentes locais, como a 2.ª Circular, que atravessa a capital de este a oeste.
Segundo o motorista da Carris Nuno Soares, os cuidados hoje “são redobrados”.
“É um pandemónio, caos, não há semáforos. As pessoas são apanhadas desprevenidas, temos que estar com atenção”, relatou.
O motorista sublinhou que “os passageiros andam todos perdidos porque estavam no metro e agora não sabem como se hão de dirigir até aos locais”.
Momentos antes de começar outro turno, Nuno Soares referiu a partir da tarde será “outro pandemónio”, uma vez que na rua “o que mais vê são ambulâncias e bombeiros”.
O motorista admitiu que numa situação normal já é necessária uma atenção redobrada, pelo que numa altura destas “existe uma responsabilidade extra”.
“Não há outro meio de transporte em Lisboa sem ser a Carris, só as empresas que trabalham para Carris Metropolitana é que estão a deixar a cidade a funcionar”, indicou, referindo-se à transportadora rodoviária que trabalha na Área Metropolitana de Lisboa.
A Lusa tentou, sem sucesso, contactar fontes oficiais da comunicação das transportadoras.
Rádio Alfa com LUSA (em atualização)