Brexit no Dia das Bruxas: adiamento será até 31 de outubro. Conselho Europeu propôs prazo quatro meses mais longo do que aquele que tinha sido pedido por Theresa May. Data será revista em junho e torna inevitável que os britânicos elejam eurodeputados nas eleições que se realizam em maio. A líder britânica aceitou a oferta que lhe foi transmitida por Donald Tusk. BRITÂNICOS VOTAM NAS EUROPEIAS
O Reino Unido vai sair da União Europeia (UE) a 31 de outubro, decidiu nesta quarta-feira o Conselho Europeu, segundo fonte europeia indicou ao Expresso e conforme anunciado na rede social Twitter pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. A 48 horas de uma saída sem acordo a 12 de abril, os 27 acrescentaram quatro meses à data pedida pela primeira-ministra britânica, uma proposta que May aceitou.
Segundo outra fonte, está previsto que no mês de junho haja um ponto de situação para avaliar e rever esta decisão. Até lá, o Reino Unido pode ter conseguido aprovar um acordo de saída e, nesse caso, o Brexit não teria de esperar até outubro.
BRITÂNICOS VOTAM NAS EUROPEIAS
A proposta dos 27 foi apresentada por Tusk à governante britânica. Esta foi a primeira a falar na reunião desta quarta-feira, mas retirou-se para os 27 deliberarem. Jantou nas instalações da representação britânica e regressou ao edifício do Conselho após a decisão dos parceiros. Dado que a líder britânica aceitou a sugestão dos ainda parceiros europeus, o Reino Unido deixará de ser membro da UE no Dia das Bruxas — tradição dileta das crianças britânicas — e pouco antes de a futura Comissão Europeia tomar posse.
Neste cenário, os britânicos vão mesmo ter de votar nas eleições para o Parlamento Europeu, a 23 de maio. Tal só poderia ser evitado se o acordo de saída fosse aprovado no Reino Unido até à véspera desse dia. Se a revisão de junho ditar uma saída mais cedo, contudo, os eurodeputados eleitos poderão nunca assumir os seus assentos.
A existência de 73 eurodeputados britânicos influenciará a formação da próxima Comissão Europeia, já que o Parlamento Europeu tem um papel determinante na sua investidura. A agência Reuters escreve que os dirigentes europeus ponderam prolongar o mandato da atual Comissão, presidida por Jean-Claude Juncker, se necessário para evitar perturbações vindas de além-Mancha.
POUCO TEMPO PARA GOLPES CONTRA MAY
Não é certo que tenha sido um fator considerado pelos 27, mas o prazo escolhido não facilita a vida aos que, no Partido Conservador britânico, querem derrubar a líder. Se May fosse derrubada internamente, o processo para eleger um sucessor demoraria algumas semanas, deixando-lhe pouco tempo para a eventual renegociação do processo de saída ou mesmo para convocar eleições antecipadas e obter um mandato popular para qualquer via a seguir. O que não implica que não possam tentar, pois já havia diligências nesse sentido na ala mais eurocética do partido.
Por outro lado, a data de 31 de outubro retira urgência às conversações em curso com o Partido Trabalhista, que em todo o caso não pareciam bem encaminhadas. Estas giravam em torno de direitos laborais, normas ambientais e tinham como pontos controversos uma união aduaneira com a UE ou um novo referendo. Ora, o novo prazo chega, observou o jornalista Lewis Goodall, da Sky, para organizar uma consulta popular.
O tempo para já é de distensão. Minutos depois do anúncio do adiamento proposto, a chefe da bancada parlamentar conservadora, Andrea Leadsom, anunciava a reposição das férias de Páscoa dos deputados, que tinham sido suspensas. O Parlamento volta a trabalhar a 23 de abril, com o Reino Unido ainda bem dentro da UE.
[Notícia atualizada às 01h05 com a informação de que Theresa May aceitou a proposta dos 27]