Coletes amarelos. Governo populista de Itália manifesta apoio ao movimento francês.
“Coletes amarelos, não desistam!”, escreveu o vice-primeiro-ministro e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi di Maio, num texto publicado no blogue do partido.
Alfa/Lusa/Expresso
Os dois líderes políticos do governo populista de Itália, Luigi di Maio e Matteo Salvini, manifestaram esta segunda-feira apoio aos ‘coletes amarelos’ de França, com o primeiro a exortá-los a « não desistirem » dos protestos.
« Coletes amarelos, não desistam! », escreveu o vice-primeiro-ministro e líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi di Maio, num texto publicado no blogue do partido (https://www.ilblogdellestelle.it).
O outro vice-primeiro-ministro italiano, o líder da Liga (nacionalista), Matteo Salvini, afirmou numa nota: « Apoio os cidadãos honestos que protestam contra um presidente que governa contra o seu povo », acrescentando contudo condenar « com total firmeza » a violência nas manifestações, « que não é útil a ninguém ».
Di Maio, cujo movimento, criado em 2009, defende a « democracia direta », também condenou « veementemente a violência » e ofereceu a ajuda do seu movimento, em particular da plataforma internet que utiliza, designada « Rousseau », para ajudar os ‘coletes amarelos’ a « organizar eventos », « escolher candidatos » ou « definir um programa eleitoral ».
« Rousseau » é uma plataforma interativa que permite aos militantes do M5S participar na definição de programas e redação de leis ou na escolha de candidatos do movimento a eleições locais e nacionais.
« É um sistema pensado por um movimento horizontal e espontâneo como o vosso e ficaremos satisfeitos se o quiserem usar », escreveu Di Maio.
« Como outros governos, o de França pensa sobretudo em representar os interesses das elites, dos que vivem de privilégios, mas já não do povo », escreveu, acrescentando, noutro passo, que « o Governo de [Emmanuel] Macron não está à altura das expectativas e algumas das políticas aplicadas são perigosas, não apenas para os franceses, como também para a Europa ».
« Em Itália conseguimos inverter essa tendência », afirmou, apelando aos ‘coletes amarelos’ para que façam o mesmo.
« Uma nova Europa está a nascer. A dos coletes amarelos, a dos movimentos, a da democracia direta. É uma dura batalha que podemos travar juntos. Mas vocês, coletes amarelos, não desistam! », concluiu.
Milhares de pessoas envergando ‘coletes amarelos’ têm-se manifestado em França desde 17 de novembro, um protesto que inicialmente exigia a suspensão de um novo imposto sobre os combustíveis e acabou por se ampliar a uma série de outras reivindicações.
Algumas dessas manifestações degeneraram em violência, com automóveis e contentores de lixo incendiados e confrontos com as forças policiais, que fizeram até ao momento 10 mortos e centenas de feridos.
No sábado passado, cerca de 50.000 pessoas manifestaram-se em toda a França, mais que na semana anterior, em que os manifestantes tinham sido cerca de 15.000, aumento que marcou uma inversão na tendência de desmobilização traduzida na redução sucessiva de participantes desde o primeiro protesto, que juntou 282.000 pessoas.