Covid-19. Abstenção histórica à vista nas municipais francesas

Covid-19. Abstenção histórica à vista nas municipais francesas (Alfa/Expresso)

Um homem usa uma máscara em Paris. Em França já foram detetados vários casos de infeção por Coronavírus BENOIT TESSIER/REUTERS

Primeira volta disputa-se no domingo, num país sujeito a restrições aos movimentos e com muito comércio e lazer encerrado. Fraca afluência pode levantar questões sobre legitimidade da eleição e inviabilizar segunda volta, marcada para dia 22

Alfa/Expresso. Por Daniel Ribeiro

O Presidente Emmanuel Macron mandou fechar creches, escolas, liceus e universidades, pediu aos franceses para limitarem os movimentos e, se possível, ficarem em casa. Os principais monumentos e cabarets de Paris e de outras cidades encerraram, mas as eleições municipais marcadas para os próximos dois domingos, 15 e 22 de março, não foram anuladas.

Os eleitores franceses continuam a ser chamados a votar neste domingo na primeira volta das autárquicas. Diversos presidentes de câmara e outros candidatos (muitos deles portugueses ou de origem portuguesa), contactados esta semana pelo Expresso, repetiram com grande ênfase o que disse há dois dias o Presidente francês: que a “segurança sanitária” nas assembleias de voto está garantida.

Por exemplo, a socialista Anne Hidalgo (presidente da Câmara de Paris, socialista, logo na oposição a Macron e ao Governo) declarou ao Expresso: “As pessoas poderão mesmo trazer esferográficas pessoais e, se não o fizerem, garantimos que tudo estará sempre constantemente a ser limpo e em ótimas condições, para que não corram qualquer risco de saúde”.

No entanto, devido à crise do coronavírus, que se intensifica em França com 3661 casos, 79 mortos e 800 novos infetados nas últimas 24 horas, as previsões da abstenção apontam para números muito elevados e históricos.

CRISE AINDA NÃO ATINGIU O PICO

A probabilidade de uma abstenção nunca vista na primeira volta das autárquicas poderá levar a interrogações sobre a realização da segunda volta, marcada para o dia 22, e colocar a questão da legitimidade da eleição dos novos autarcas franceses.

Entre a população francesa há grande preocupação com a crise sanitária. Especialistas dizem que o “pico da crise” ainda está para chegar e só se fala nisso em todo o país. Verifica-se mesmo um certo pânico e há uma corrida às compras nos supermercados.

O Expresso constatou desde sexta-feira que, em grande parte destes estabelecimentos, já esgotaram produtos alimentares enlatados, massas, e mesmo papel higiénico. Na região de Paris, os principais pontos turísticos – museus, torre Eiffel, palácio de Versalhes, cabarets, etc… – estão fechados.

 

 

 

 

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