Final do Euro2016 « joga-se » em espetáculo luso-francês durante o Mundial 2018.

O espetáculo ’Kif-Kif’, inspirado na final do Euro 2016 entre Portugal e França, vai estar na cidade francesa de Saran, no final de junho, e no Cacém e em Castelo Branco, no início de julho, informaram os promotores.

A peça é coproduzida pelas companhias portuguesas teatromosca e Terceira Pessoa e pela francesa Théâtre de la Tête Noire, com texto original do português Jorge Palinhos e da francesa Leïla Anis e encenação de Pedro Alves e Patrice Douchet.

« O nosso ponto de partida foi a final de futebol do Euro 2016 perdida pela França contra Portugal, mas o espetáculo não fala apenas de futebol. Fala sobretudo da juventude de hoje, do que os jovens dos dois países contam uns aos outros, das histórias de amizade, de amor, de diferenças, de identidade », disse à Lusa o encenador francês.

Patrice Douchet explicou que o título ‘Kif-Kif’ é uma expressão comum em França, derivada do árabe « kif », que significa « igual, um resultado 50/50, sem vencedores nem vencidos », porque o projeto foi feito « a meias » entre as equipas francesas e portuguesas.

As companhias convidaram dois autores dos dois países para criar, cada um, peças de 45 minutos, cujos textos se vão cruzar no espetáculo de 90 minutos, falado nas duas línguas, legendado, e que junta jovens dos dois países em cima do mesmo palco.

Os autores deveriam inspirar-se no vídeo que, em julho de 2016 se tornou viral nas redes sociais, de um menino português a consolar um adepto francês na sequência da derrota francesa face a Portugal.

A peça, orientada para um público juvenil, reúne, assim, uma equipa portuguesa composta por um « treinador-encenador » e « 11 jogadores-atores » – nove jovens não-profissionais e dois atores profissionais -, uma equipa francesa com a mesma composição, e dois « árbitros-dramaturgos ».

« O futebol acaba por ser o pretexto. O espetáculo não é um jogo, é um encontro. Não estamos à espera de um resultado em que uns perdem e outros ganham. São só duas equipas que passam um momento juntas a entregar-se a uma paixão comum », continuou o encenador, precisando que os jovens não-atores são oriundos do Cacém e de Saran.

O objetivo é mostrar que o teatro e o futebol não são assim tão diferentes, porque « há regras comuns » no palco e dentro das quatro linhas: « há exigência, rigor, há uma união. Mas há coisas no teatro que talvez não se encontrem no futebol, como a humildade e a tolerância. Queremos mostrar o desporto como uma festa »,

‘Kif-Kif’ é « uma final jogada em duas mãos, em Portugal e em França »: a 29 e 30 de junho, às 20:30 (hora local), é apresentada no Théâtre de la Tête Noire, na cidade francesa de Saran, a 04 de julho, às 21:00, vai estar no AMAS – Auditório Municipal António Silva, no Cacém, e a 06 de julho, às 21:30, no Cine-Teatro Avenida, em Castelo Branco.

« Não é impossível que França e Portugal se voltem a defrontar quando o espetáculo estiver em palco, já que vamos estar em pleno mundial », concluiu, com um sorriso, o encenador francês.

O espetáculo ‘Kif-Kif’ foi produzido no âmbito do projeto de cooperação internacional Ferry-Book, que une a companhia teatromosca (Sintra) à companhia francesa Théâtre de la Tête Noire (Saran), ao qual se juntou a companhia teatral Terceira Pessoa (Castelo Branco).

O teatromosca apresentou em Saran, em 2015, o espetáculo “Fahrenheit 451”, a companhia Théâtre de la Tête Noire apresentou em várias cidades portuguesas, em 2016, “Variations sur Hiroshima Mon Amour”, ano em que o coletivo Terceira Pessoa também apresentou em Sintra “The Old Image of Being Loved”.

Alfa/Lusa.

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